O que virá?
Foto: @jhons_cass
Só, percebe a si mesmo, tornando à vagar na inquietude da solidão.
Estava num passo revolto em busca de seu novo, a girar como multidões de pensantes estreitos.
Cansado como todos, iguais naquele mundo insone, não sabia mais onde queria chegar.
Se enchia de medo ao considerar que o mar estava pequeno e que não mais lhe iria comportar.
Como um esquema mal resolvido, estava a rodar como fosse multidões de pássaros perdidos ao tentar voltar para os seus ninhos.
Ao recrutar pensamentos, irrompe as manhãs pacíficas em busca de novos caminhos.
Ao chão, está o pé descalço, sentindo as entranhas das rugas do solo.
Aprende aonde deve pisar, entende as barreiras que precisa passar.
Ouve as vozes eloquentes dos canários a vibrar pelos anseios de novos destinos.
Resigna-se à grande jornada que precisa atravessar, beija as sombras das mortes à desafiar.
A ausência dos saberes do futuro não mais pode lhe assombrar.
É imensa como o mar que de tão gigante assusta, ao passo que sua suavidade acalanta a certeza de sua calma.
Há de se agarrar nessa certeza, que as coisas futuras não precisam dar medo, elas são imensas, profundas e escuras como as fúnebres águas do alto mar.
Mas vistas da praia, a certeza de sua imensidão se desfaz pelo espanto de caber dentro de nós.
O mar adentra pelos olhos, inunda a mente, avança mundo adentro.
Reencontra a vastidão oca do deserto das incertezas, preenche os espaços das dúvidas e não revela os incólumes segredos que no futuro virão.
Ao longe, os pássaros a cantar esperam e veem a vida regressar.
O recomeço é uma certeza viável.
Mais uma vez o barco vai ao mar mesmo sem saber o que virá.
00:00 h. Noite de natal de 2017