Uma nova voz em meio à poluição folk e indie
Há talentos que são natos. Não dá para negar isso. Podemos – e devemos – sempre aperfeiçoar nossos gostos e qualidades, mas há pessoas que largam na frente em muitos aspectos, que têm características de tal modo acentuadas que as chamamos: grandes gênios.
Pouco se sabe da vida de Benjamin Clementine. Sabe-se que é filho de imigrantes ganeses e que nasceu na periferia de Londres. Desde muito novo teve de se arranjar na vida. Como diz a sabedoria popular: “Quem quer rir, que faça rir”. Pois bem, com educação e formação bastante simples, fez o melhor a seu alcance e foi além de suas aparentes possibilidades.
Dono de voz impressionante e de facilidade com palavras e sonoridades, percebeu que o mais promissor horizonte que tinha pela frente era a música. Não se sabe ao certo, mas provavelmente tinha de ajudar a suprir as despesas familiares. Pois bem, com característico autodidatismo, aprendeu a tocar piano e logo passou a cantar em bares em troca do nosso tão reclamado couvert artístico.
Não demorou para que sua voz fosse percebida e admirada, mas, por alguma decepção com as terras de Churchill, foi-se embora para a França. Em novas terras, não tardou em fazer sucesso.
Com fortes elementos da música minimalista de Erick Satie (cujos sucessores mais difundidos são Philip Glass e até Yann Tiersen), Clementine destaca-se pela voz, que lembra os melhores momentos do jazz e dos blues.
Enfim, é uma grande promessa da música. Como todo grande talento, Clementine tem raízes e origens de onde ninguém suspeitava ou esperava. O talento nasce nos lugares e em tempos em que é necessário. No meio da efervescência folk, indie e música eletrônica, surge uma voz em direção oposta. Literalmente, uma voz: sem microfones ou amplificadores, acompanhada somente de um piano.