A festa da cidadania: a hora e a vez do pedestre e ciclista
Este domingo presenciou um dia de verdadeiro exercício cidadão, no chamado "coração de São Paulo", eleita como o símbolo da cidade. A avenida Paulista foi tomada pelas bicicletas e pedestres das mais variadas vertentes, que usufruiram deste pedaço da cidade como nunca o haviam feito, e o fizeram ainda que por apenas algumas horas.
Aproveitando a inauguração da ciclovia neste corredor na cidade, que faz parte da implantação de uma grande malha cicloviária, a avenida foi interditada para veículos automotores das 10:00 às 17:00 horas, oferecendo à população uma possibilidade de apropriação pacífica do amplo lugar.
Com um lindo e luminoso dia de inverno, pôde-se constatar um uso dessa localidade como há muito já se constata em outras partes do mundo: interação, atividades diversas, gastronomia, música e contemplação.
Um clima de felicidade e satisfação se apossou das pessoas, ávidas em poder circular com qualidade e segurança, numa localidade já muito apreciada e agraciada com pólos culturais e gastronômicos. Porém desta feita a avenida esteve mais inclusiva e esportiva, era inegável o uso mais democrático do espaço com um todo.
Experiências como essas mostram que a cidade pode e deve ser devolvida ao cidadão, essencialmente ao pedestre. Foi como se parte importante da cidade fizesse uma concessão.
"A cidade e a Paulista é nossa, vocês podem a utilizar também com os automóveis, nós a concedemos aos motoristas pelos demais 6 dias e meio, só estamos relembrando a quem ela de fato pertence".
Acho que este é o pensamento que deve imperar nas pessoas que vivem o seu lugar, que deve ser essencialmente o uso da cidade pelo pedestre que utiliza as suas calçadas - acessíveis, ou daquele que utiliza o transporte público, do ciclista e, por fim, também do motorista.
Todos devem ter vez e direitos na cidade, há que se apenas relembrar e priorizar a apropriação da mesma.
O modelo automotivo está esgotado, o trânsito está estrangulado pelas ruas e avenidas que não comportam tantos carros. As artérias viárias estão entupidas, a cidade está doente pela má circulação e poluição geradas.
Há que se pensar melhor a cidade, integrando modais, priorizar o coletivo... com transporte de qualidade e capacidade.
E há que se retomar a cidade para os cidadãos, em todos os rincões da cidade, urge essa necessidade. A Paulista é apenas um exemplo a ser seguido e expandido para toda a cidade, como uma experiência que mostra toda a demanda e carência de uma população sufocada pelo modelo equivocado e imposto pela especulação imobiliária quanto pela cultura do carro.
Esse é um exemplo potencial de uma cidade melhor que se pode ter.
Autoria das fotos de Edgard Georges El Khouri ®elkhouri - Todos os direitos reservados