Paulo Werneck e o seu muralismo
É muito difícil ir à Pinacoteca do Estado e escolher onde visitar, pois, sempre aparecem exposições muito bacanas.
Fui com a ideia de visitar o acervo do local,mas como o tempo me permitiu,optei pela exposição do Paulo Werneck e Sérvulo Esmeralda e ambas me agradaram.
Então, vou falar sobre a do Paulo Werneck, - artista plástico, muralista e um dos precursores de projetos de murais no Brasil .
Confesso que não sabia muito do artista, mas com certeza seu nome e seus murais, me refrescaram a memória lembrei de alguns lugares que observei os seus trabalhos.
A exposição é dividida em 110 projetos para painéis, guache sobre papel, 25 fotografias, documentos e ilustrações para jornais e livros infanto- juvenis realizados pelo artista entre os anos 1930 e 1970, além de vídeos P.W: Pincéis e Painéis, realizado pela vídeo-artista Vivian Ostrovsky, e Paulo Werneck - arte e raiz dirigido pela documentarista Paula Saldanha onde são apresentados depoimentos sobre a obra do artista.
Paulo Werneck trabalha muito com o abstracionismo e figuras geométricas, que se olharmos bem, elas podem ser facilmente reconhecíveis.
O interessante é que com certeza em algum lugar que passamos durante a nossa vida há um pouco do seu trabalho como muralista.
Ele trabalha com cores fortes e contrastantes em uma espécie de mosaico que cada forma - seja triangular, circular ou quadrado se liga entre si e nos remete a algo.
Apesar de gostar muito do abstracionismo ele trabalha também com elementos figurativos, em que formas abstratas se conjugam com imagens definidas.
Seus motivos de identificação e de representação são: fantasias marinhas, temas esportivos, vegetação, como ele mesmo diz: “O índio, a nossa origem, a natureza”.
Os seus mosaicos foram pensados para revestir grandes superfícies com composições geométricas, fazendo a imaginação suscitar diante de quem observa seus murais.
Os elementos triangulares, circulares e quadrados combinados, permitem formas bem complexas.
Uma dos painéis que me chamou bastante à atenção foi - “O painel da resistência de Regina Yolanda, na Ilha de Paquetá no Rio de Janeiro, 1962 – Acervo do Projeto Paulo Werneck onde elementos abstratos, parecem ser inacabados, ”quebrados” em que cores se unem de maneira a terem uma certa ligação entre si,dando a ideia de que foram seriamente planejadas a serem dispostas daquela maneira.
Nos anos 60 quando se aproxima da abstração informal, os elementos são colocados de maneira desconexa insinuando movimentos de grande impacto para o público.
A visão que temos dessas formas em seus murais são múltiplas e fragmentadas nos dando a percepção de uma continuidade de elementos que se entrelaçam.
Seu trabalho é disposto de uma maneira em que nada está lá por acaso não é simplesmente decoração, tudo é pensado, analisado, para garantir uma reciprocidade positiva diante de quem contempla seu trabalho, nada está ali por aparência; a essência do trabalho de Paulo Werneck vai muito
além disso.