Sobre minha sonoridade erótica
Teria eu até que tomar como ofensa a minha ínfima ciência sobre música erudita e sobre as observações que simploriamente farei, nenhuma delas envolve critérios e termos específicos sobre as belezas distinguíveis pelos mais afeiçoados com a esfera da música clássica. Longe disso. Minhas observâncias breves se limitarão no lado humanamente possível das observâncias (ou a tentativa do dito), a de um gajo qualquer que, confesso, pararia para vê-las não somente pela boa música.
Duas que, como se não se satisfizessem em seus talentos sofisticadamente peculiares, resolveram-se unir em uma só interpretação que vai além da sonoridade, atravessa a exuberância de suas belezas, tornando incompleta qualquer demonstração daquele ato que se limite apenas à audição.
Sinto dizer, caros leitores de ouvidos absolutos, que Chopin me pareceu bem mais viril quando interpretado por ela, a louríssima, Valentina Lisitsa. Nada mais me faz acreditar que um homem será capaz de suplantá-la. Já Hilary Hahn invocou-me um ar docemente sádico com Paganini à ponta dos dedos.
Em princípio, conheci-as individualmente, apaixonei-me e até sonhei com Lisitsa. Para depois gozar de ambas fazendo-me de louco, excepcionalmente, num único som.