Adeus a Manoel de Barros
Ilustração: Fernando Romeiro
Manoel me ensinou a ser simples. A ser da terra. A brincar de saber mais sobre as palavras. De decifrá-las, consultá-las. De costurar o bonito - a natureza com a poesia. Do tempo desapercebido das coisas e do consolo do vocábulo paternal, que não pede ou ostenta por luxos e grandiosidades.
Se comecei a escrever sobre caramujos e plantas arrancadas do vaso, foi Manoel quem me explicou que esse tipo de fábula era tão importante e legítima quanto considerar e admirar as estrelas e o céu. Agora, ele está empinando pipa e sorrindo como um passarinho. A menina que andava de pés descalços na grama, que machucava os joelhos teimando em brincar com um tatu-bolinha agradece pela imensidão, doçura e autenticidade dos cursos traçados pelo poeta. Manoel é singelo.
Por Andressa Monteiro