a família de Anfisa
Às margens do rio Neva, em Saint Petersburg, a pequena Anfisa cresce... Sob a nebulosa realidade dos tempos atuais.
Lila, voltando para casa após uma festa (Anfisa dorme no carrinho)
No ano de 2008, a fotógrafa russa, Irina Popova buscava referências e inspiração para dar vida a um ensaio sobre "sentimentos". Foi quando se deparou com Lila, decadentemente ébria, pelas ruas da cidade federal. Junto a ela, um carrinho de bebê, onde a pequena Anfisa dormia.
Lila era dependente química há anos e, após a fotógrafa e ela conversarem bastante, Irina foi convidada a conhecer sua vida mais a fundo. Irina foi levada ao apartamento onde Lila morava com seu marido há 5 anos, Pasha (também dependente químico), e sua filha, Anfisa, de dois anos de idade.
Durante semanas, Irina captou todos os possíveis detalhes daquela família. E, a cada retrato cru, ia percebendo o quão cruel poderia ser a vida — dentro daquele recinto caótico, barulhento, de paredes vertiginosas e sempre cheio de convidados ocasionais — para a tão jovem Anfisa. Seus pais, sob efeitos alucinógenos das drogas, dormiam pelos cantos, atordoados. Anfisa crescia em meio ao caos.
O ensaio fotográfico de Irina Popova ganhou uma dimensão ainda maior quando as fotos começaram a se tornar virais pela internet, onde pessoas clamavam para que Anfisa fosse retirada daquele ambiente tão hostil. E a pergunta surgia: deve o fotógrafo retratar o que vê de forma intocada, como um mero observador social, ou era obrigação de Popova intervir na realidade que documentava?
Irina publicou um livro com o ensaio. Nele, relata que Anfisa não foi retirada dos pais mas Lila, a mãe, não está vivendo com a família. A menina, agora, frequenta o jardim de infância e está sob a guarda do pai.