Artes plásticas portuguesas do século XX
A arte do século XX caracteriza-se pelas contínuas mudanças que se vão produzindo. As principais causas são: o desenvolvimento tecnológico, a situação do artista e o novo conceito de obra de arte. O artista neste século está condicionado pelo mercado de arte, que considera as obras como um objecto comercial e as valoriza conforme a sua maior ou menor originalidade. O artista vê-se obrigado a ser inovador, a criar a cada instante obras diferentes das existentes. Não é preciso que a obra de arte represente objecto ou factos reais, agora, há que inventá-los. A obra de arte aparece como expressão individual numa civilização onde coexistem vários estilos. A pintura do século XX caracteriza-se pelo nascimento da arte abstracta. A cor e a forma ganham o seu próprio valor artístico.
Amadeu de Sousa Cardoso (1817-1918)
Amadeo foi um precursor da arte moderna. Incapaz de se fixar num estilo atravessou quase todos os percursos estéticos relacionados com as rupturas: expressionismo, cubismo, futurismo e arte abstracta. Após várias pesquisas plásticas é conduzido ao abstraccionismo, como resultado final a sua obra vai aliar diversos materiais, técnicas e espessuras bem como colagens e sobreposição de planos.A pintura, A mascara do olho verde de Amadeo de Sousa-Cardoso, apresenta-nos a cara de um homem podendo então ser um retrato. Apontando para o sintetismo a cara é delimitada por linhas onde os vários planos da face foram tratados com cores vivas e variadas. Esta obra remete-nos imediatamente para o expressionismo pela utilização da cor sobre a forma. A cara do homem aparece como um segundo plano sendo a plasticidade do tratamento da cor o elemento fulcral do quadro.
Santa – Rita, embora tenha manifestado uma produção mais literária do que plástica, teve na pintura uma importância desmedida. Foi considerado o introdutor do futurismo em Portugal.A obra Cabeça Cubo-futurista de Santa-Rita representa, como o título indica, uma cabeça, um rosto. Manifesta uma síntese entre o cubismo analítico e o dinamismo futurista. A imagem fragmentada por diversos planos, vista em diversos ângulos e a utilização de única e exclusivamente tons de cinzento torna o que seria um rosto humano numa máquina (futurismo: exaltação da máquina).
Almada Negreiros (1983-1970)
A criatividade de Almada Negreiros traduziu-se em várias formas de arte, na poesia, na escrita, no teatro e na pintura. Influenciado por Picasso conjugou o cubismo e o neoclassicismo e sempre fiel ao dinamismo linear chegou ao abstraccionismo geométrico.Nesta pintura estão retratadas quatro pessoas no café “A Brasileira”. Duas mulheres e dois homens sendo que o senhor à esquerda no quadro é o próprio Almada Negreiros. Este quadro reflecte o ambiente de modernidade vivido em Lisboa e, simultaneamente, a vida do quotidiano português, não só pela presença de mulheres num café mas, especialmente pela ruptura com os hábitos da sociedade tradicional evidenciados pela sua postura: uma delas está a fumar (a mulher do lado esquerdo), e a outra apresenta vestuário não convencional.
Maria Helena Vieira da Silva(1908-1992)
les grands constructions de Vieira da Silva é um quadro abstracto com cores neutras (castanhos, pretos, cinzentos) onde linhas dinâmicas criam os espaços. Esta obra sugere dois espaços distintos: no lado esquerdo a confusão criada pelas linhas com traços fortes e sobrepostas remetem para a complexidade da cidade enquanto que, do lado direito, as linhas suaves lembram a simplicidade do campo.
A arte moderna em Portugal integra-se no movimento europeu, ainda que, com algum desfasamento temporal. Os artistas escolhidos representam alguns dos movimentos de vanguarda que também tiveram expressão a nível nacional. Estes movimentos caracterizaram-se pela busca incessante da originalidade, da fuga ao estereótipo e às regras da academia, procurando causar impacto, nomeadamente pela ruptura com o tradicional. Simultaneamente, a arte distancia-se do público em geral, por a sua interpretação deixar de ser linear e directa. As técnicas e os materiais utilizados passam a integrar o conceito de obra, que deixa de se esgotar na apresentação do trabalho final. Este passa a ser visto como o resultado de um processo que, por si só, é também digno de interesse, observação e estudo.