Meanwhile Everywhere (ou insólita São Paulo)
Competição entre plantas e prédios.
Estou apenas de passagem.
Johnny Macedo vestiu uma alegoria de extraterrestre e foi conhecer essa cidade. Troquei algumas ideias com o criador do Meanwhile Everywhere.
Gostei da cor de suas peles.
Me fala mais sobre o projeto. O objetivo principal do projeto é fazer com que as pessoas reflitam sobre o que está retratado e levem em consideração as legendas. Como de costume, elas são sempre poéticas, criticas e sugestivas, já induzindo você a fazer uma análise mais completa.
Conseguem ver a atração entre um homem e uma mulher?
O que é peculiar? Eu poderia ter usado um método comum de fotografia ou não ter usado um extraterrestre como personagem. Mas optei por usar uma lente distorcida (fisheye), manipular as cores e aplicar um personagem extraterrestre como hospedeiro destes atributos (visão distorcida, cores inversas, algo não muito humano). Acaba sendo interessante para o ser humano perceber como seria ter um outro ser nos analisando.
Todos parecem ocupados.
Os textos são teus também? Sim! Os textos são meus também e todos construídos sobre as imagens.
Vai. E, se der medo, vai com medo mesmo.
Quem é o extraterrestre? Sempre me perguntam quem é ele, e acabam por dizer que sou eu. Só que na verdade o Extraterrestre é você, sou eu, somos todos nós… afinal de contas ele está fazendo o que todos nós poderíamos e podemos fazer, que é observar nossos espaços com mais profundidade e sermos capazes de distinguir o que é benéfico ou não.
E quando teu silêncio terminar?
Estamos mais próximos do que pensávamos.
Como construiu esse olhar? (Sabe, me lembrou muito o "Estrangeiro" do Georg Simmel). O meu cotidiano sempre foi agitado e eu sempre evitei repeti-lo. Quando estava a caminho do trabalho, eu escolhia ruas diferentes, vagões de metrô, acentos, faixas de pedestres… sempre tentando diversificar esse cotidiano. Isso me fez alimentar bastante uma forma mais ousada de análise, que foi me comparar com outras pessoas em seus cotidianos. A partir dali, tudo parecia igual nas pessoas. Havia uma semelhança absurda, algumas pessoas que eram ponto de referência no meu caminho (eu as encontrava sempre nos mesmos lugares), muitas inclusive, com smartphones em mãos. Enquanto isso, eu ficava olhando para o alto, para baixo e para os lados, de forma curiosa (risos). (Aliás, vou dar uma estudada no “estrangeiro” do Georg Simmel, não o conheço ainda.)
A falta de guerra é aqui.
Falando nisso, tem alguma referência teórica ou conceitual para o projeto? Eu carrego uma frase que diz: “estamos mais próximos do que pensávamos”. Nessa frase você consegue extrair a simples informação de que em nosso planeta há milhares de espécies vivas, por exemplo os animais, que tem características semelhantes às nossas (dormir, acordar, comer, beber, enxergar, ouvir, cheirar…), mas nem sempre estamos dispostos a saber o que eles pensam sobre nós, pois sua capacidade racional não é a mesma de um ser humano, a ponto de facilitar uma comunicação conosco… e se fosse um extraterreste, que julgamos sempre ser mais inteligentes que nós, fazendo essa análise?
Descamou-se em solidão.
“O planeta é grande”, ainda disse Johnny (ou o extraterrestre).