Duane Michals: O fotógrafo que se reinventou
Um dos mestres da fotografia americana, o autodidata Duane Michals (1932). Ele faz uso de jogos de espelhos, suas foto-sequências desafiam o espectador. Por ser inovador em sua maneira de fotografar, Michals ganhou fama e reconhecimento internacional.
Michals chegou a começar o curso de design gráfico, mas antes que pudesse concluí-lo, se apaixonou pela fotografia. Trabalhou em revistas de moda como Esquire e Vogue por pouco tempo, pois logo se tornou um artista muito requisitado.
Destacou-se muito, principalmente pela sua maneira original de fotografar, excedendo as limitações da imagem única.
“Não estava satisfeito com a imagem individual por que não conseguia submetê-la a uma descoberta adicional. Na sequência, a soma de imagens indica o que não pode ser dito por uma única fotografia."
Ao contrário de fotografar o externo, Michals virou a câmara, tentando mostrar seu interior, ou seja, seus próprios sentimentos desde sonhos e desejos até medos e angústias.
Na década de 1960, Michals compõe a série de retratos de René Magritte, está que é considerada por muitos o apogeu de sua obra. Pois, na concepção dos críticos de arte, o fotógrafo conseguiu compreender não só a pessoa de Magritte, mas também as suas ideias artísticas, e o seu estilo.
Já no final da década de 60 e início dos anos 70 introduz nomes e textos escritos à mão em suas imagens, tornando-se o primeiro fotógrafo a fazê-lo.
O homem azarado não podia tocar aquele que amava. Havia sido declarado ilegal pela lei. Vagarosamente, seus dedos da mão tornaram-se dedos do pé e suas mãos gradativamente tornaram-se pés. Ele começou a usar sapatos em suas mãos para disfarçar sua dor. Nunca ocorreu para ele quebrar a lei.
“Eu sou um escritor de contos. A maioria dos fotógrafos são repórteres. “Eu sou uma laranja – eles são maçãs.”
Suas obras são impactantes, quase surrealistas, também pudera, Duane Michals foi influenciado por artistas como Magritte e Balthus. Nessa mistura de surrealismo e realização concreta de seu imaginário, suas fotografias são convites para tentarmos decifrá-las. Já que além de um primeiro significado rudimentar, ela nos abre uma rede de outras possibilidades.
A partir do momento que seus sentimentos deixam de ser ocultos, suas fotografias assustam e encantam, pela perspicácia com que materializa suas inquietações.
Duane Michals já foi comparado a um contador de histórias, um contista que escreve seus contos visualmente. Todavia, suas foto-sequências não trazem grandes narrativas, mas acontecimentos misteriosos, aprofundando suas histórias visuais, aliando imagens e palavras com o propósito de chamar a atenção para um olhar mais atento.
Nesses dois trabalhos acima, Michals não poderia ser mais direto: eles se chamam “A parte mais bonita do corpo da mulher” e “A parte mais bonita do corpo do homem” – isso, claro, segundo o artista. “Nos sonhos mais antigos dos homens, os seios das mulheres persistem mesmo por muito tempo depois que seus desejos tornaram-se poeira”, escreve ele, em sua caligrafia hesitante, sobre o detalhe do corpo feminino. Sobre a cintura masculina, ele ressalta suas “curvas gêmeas delineadoras, femininas em sua graça, ‘sulcando’ o tronco, guiando os olhos para baixo, rumo sua intersecção – o ponto do prazer”.
Michals tem mais de vinte publicações no mercado, tendo realizado exposições em países como França, Inglaterra e Estados Unidos,ganhou inúmeros prêmios ao longo da sua carreira.
Trailer do filme Duane Michals, The Man Who Invented Himself, dirigido por Camille Guichard é sugestão imperdível para conhecer melhor as histórias por trás das narrativas visuais do fotógrafo: