O mundo (nem tão) encantado de Marwane Pallas
Marwane Pallas é um fotógrafo francês que transforma suas fotos em cenas chocantes e surreais. Artista autodidata, além da fotografia trabalha também com manipulação digital de imagem, pintura e conceitos visuais. Ganhou diversos prêmios com seu trabalho. Já teve suas obras exibidas em uma galeria de Nova York. Um currículo admirável para um jovem de pouco mais de 20 anos.
Sua obra é composta principalmente de autorretratos, sendo que em algumas fotos ele chega a se multiplicar, criando um panorama surpreendente de abordagem radical e direta.
Tendo como referência Tim Burton (cineasta norte-americano), documentários da BBC e obras renascentistas, o jovem e talentoso artista Marwane Pallas fornece um deleite para os olhos através de sua obra, esta traz uma manifestação artística e conceitual na medida certa, desafiando e fascinando com suas fotografias ousadas.
Com suas imagens pictóricas é capaz de nos fazer sentir as mais diversas emoções, algo que mescla entre o desconfortável e o encantamento provocante e violento.
Nota-se em suas obras um paralelo entre a diversidade das civilizações e a pluralidade da personalidade humana evidenciando crueldades, contudo há também momentos em que a esperança é restaurada. Seus trabalhos são centrados em todo o corpo, aguçando a imaginação com seus impulsos e anseios íntimos. Às vezes, o corpo é visto com clareza, outras vezes sangra.
Um corpo sensualizado que sofre uma metamorfose, habitando um reino abstrato e espiritual. Fotografias simplificadas propositadamente, cativando quase que persuadindo com desenhos de uma narrativa irreal e alegórica.
Não menos importante, temos o aspecto religioso delatando um erotismo oprimido, fotos onde o artista se mostra pálido e ferido como Jesus Cristo, ou em um ato de intimidade com uma cabeça transparente a qual poderia substituir Deus. Há ainda um autorretrato em que há um sangramento no nariz em uma taça, fazendo alusão ao vinho como sangue de Cristo. Eva também aparece representada na maçã que, finalmente, traz a morte.
Algumas de suas séries são pouco retocadas, permanecendo uma realidade palpável e concreta de representação buscando uma estética próxima a de Caravaggio (representante do estilo barroco).
Pallas tem forte gosto pelo desenho e imagens em construção. Adora interpretar papéis, já quis ser ator, é capaz de criar um mundo único e comovente onde se deteriora por não gostar da própria imagem, visto que estas são uma maneira de liberar seus demônios, muito embora estes não sejam realmente interiores.
Marwane tem como colaboradores a mãe, que o ajuda mesmo nos seus delírios mais loucos, a exemplo quando se furou para entrar em uma armadilha cheia de mutucas, moscas e vespas. Foram seus pais que deram a carcaça de carneiro usado para a foto do "anjo". E também Björk, por ser grande fã da cantora sempre a ouve durante suas sessões de fotografias.
De mais a mais, seu projeto para o futuro conta com uma série inspirada em moda, onde o modelo é substituído por um cadáver. Fará algo impulsionado pela política e geopolítica, questões difíceis de lidar através do autorretrato, mas tentará intelectualizar seu trabalho para esta consciência.
Conheça mais sobre o trabalho deste artista acessando sua página oficial: Marwane Pallas