Liberdade: uma via de duas mãos
Expressar uma ideia, um pensamento ou apresentar uma simples reflexão é direito assegurado a todos, conforme a Constituição Federativa do Brasil. Vincular tal direito à liberdade, deve ter - como o alinhavar – os limites entre as partes envolvidas.
Quando as linguagens verbal e ou a não-verbal são disponibilizadas, suscitam diversas leituras bem como geram as mais diversas interpretações, sendo, assim, necessário saber parar antes de virar insulto; desrespeito.
Leonardo Boff apresentou uma definição muito interessante sobre a interpretação: “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam”. E, partindo desse pressuposto, vale ressaltar que cada autor deve, também, escrever, reescrever com os olhos que têm, aceitando as interpretações e ficar longe das intenções de se tornar um agressor com tiros indiretos, porém certeiros.
A linguagem expressa tem força. A mesma força que um alvo pode desenvolver quando entende que o dito não deverá ficar pelo mal(dito), assumindo – nesse ponto – o direito de expressar a sua revolta com o insulto. Bater sempre na mesma tecla – ou usar sempre a mesma caneta – perde a característica de liberdade de expressão, podendo a mensagem ser entendida como perseguição, assumindo-se como peça chave de um jogo entre o poder de dizer e ser aceito como o de conhecer e não aceitar.
Um real desafio que se acentua em pleno século XXI: dizer sem muitas vezes dizer e ser interpretado na dose certa. O bom senso deve ser o medidor dessa dose e para tanto se faz necessário haver mais pontos de partidas já com paradas obrigatórias de chegada. Todos devemos desenvolver, principalmente nas crianças, a consciência de que se for falar tudo deverá saber ouvir o tudo que vem na contramão. Afinal, todos temos o direito de expressar, não importando em qual via se trafegue.