Publicidade e Política
"Esse é o canditato da família de Bem, cristão de Jesus e bandido bom é bandido morto".
"Esse é o homem que vai gerar emprego e renda com abertura estrangeira e privatização, porque estatais são cabides de empregos".
"Esta é a candidata do verde das matas, da floresta e do meio ambiente sustentavelmente explorável".
"Este é o candidato dos trabalhadores, da produção e com soluções coerentes para o Brasil futuro, sem rupturas com o agronegócio que paga as contas do país".
Imagem: https://respuestas.tips/que-es-la-esquizofrenia/
Há uma confusão feita de estrutura e contingência sobre o futuro do Brasil atual, tendo em vista como estão se colocando os possíveis candidatos e candidatas. Os jargões "esquerda", "direita" e "centro" sempre foram frágeis e signos esvaziados para se preencher com misturas bastante ecléticas de posições - o que, em si, não é problema, ao menos quando o ecletismo não se evidencia como tal e passa ao cotidiano como unidade na forma de "ismos". O resultado é que uma demanda real por informação e construção decisória tendo em vista o futuro das sociedades que compõe o tampão territorial chamado Brasil passa a ser respondida de maneira mágica e, claro, disponível para consumidores do século XXI (e não cidadãos) através da publicidade na política. Então, temos uma aceleração insandecida de validação dos produtos pela ação publicitária, um tipo de revalidação exagerada, por isso mentirosa, de certos "perfis" que podem ser vestidos por muitos, mas que na atual individualização personalista são enxertados em pessoas específicas, não necessariamente mais capazes de enfrentar a dimensão decisória ou mesmo até bem tristes em termos de informação sobre o Brasil. Porém, a pintura publicitária mágica para vender um produto a consumidores desesperados por resolução individualizada de problemas que, claro, jamais poderão ser resolvidos individualmente, demonstra nosso nível não materialista, mas estranhamente idealista de pensar nosso próprio futuro como território plurinacional - já fracassamos mesmo antes de fazer a escolha, porque, de certo modo, a escolha já foi feita por nós em salas muitos distantes das nossas ruas e, em alguns casos, muitos distantes até mesmo do Brasil.
ps. Tem umas coisas de Bhaktin, Williams e Canclini no texto.