CORONAVÍRUS, ORIENTAÇÃO GEOGRÁFICA E PUNIÇÃO DIVINA AOS GAYS
LÍder judaico Aakov Litzman afirma que é doença para "castigar gays". Pastor Televangelista cristão Perry Stoneinsiste insiste que coronavírus é ação divina contra o "casamento homossexual". Já Muqtada al-Sadr, líder xiita iraquiano enfatiza que a Pandamia é causada pela legalização do casamento gay.>Imagens: metropolis.com/uol.com.br/wikipedia.com
Poderíamos argumentar que é puro fanatismo religioso anacrônico. Porém, nesta mesma semana os hemocentros dos Estados Unidos retiraram os protocolos que impedem LGBTs de doarem sangue porque o estoque de sangue está baixo e agora precisam de "sangue gay".
Não é porque vivemos em um mundo paralisado pela Pandemia que todas as outras misérias materiais e simbólicas humanas foram suspensas, bem ao contrário, elas atravessam o pandêmico e o desnaturalizam! Se por um lado o atual "Estado de Sítio Planetário" (Agamben) pode despertar nexos de encontro e partilha, por outro destampa o que há de pior em nós, não raro este pior se espalha como fogo santo, frenesi contaminante e verdades reveladas.A Velocity of Being: Letters to a Young Reader, dos Irmãos Hilts
A Orientação Geográfica do Mundo que a pandemia perturba não é meramente um conjunto de coordenadas em um plano, é a orientação dos coletivos em movimento que buscam franquiar os espaços para si (Ahmed), criar novos mapas do real e ordenar objetos e corpos (e objetificar corpos, diria Sartre) tendo em vista seus projetos, sejam pessoais ou coletivos de antecipação e de adiamento do Apocalipse. E uma das maneiras mais poderosas de reorientação geográfica da ação é a criação de um inimigo comum, desde a China até os Gays, o que está em jogo é quais projetos políticos de mundo devem nos orientar na topografia do real e, como nos lembra Rancière, na recomposição das paisagens do possível.