É sábado. Onze e pouco da manhã do dia 17 de dezembro do ano dois mil e dezesseis do nascimento da culpa católica. Saio da 405 Norte, em Palmas, Tocantins, uma Brasília gestada nos anos 2000 mas com cara de 77, devido a tantos vícios e velhacarias, urbanas e culturais. Entro na quadra do hermano quando os primeiros pingos desabam e, numa esquina, avisto uma lixeira comum. Mas, dentro dela, algo me chama a atenção. Dou seta, encosto, desligo o carro. Saco a câmera fotográfica digital, desço e, com ela em punho, disparo vários clicks no alvo: um buquê de rosas já um pouco envelhecido ornava aquele utensílio tão doméstico. Catador de coisas ao rés do chão, não me passa outra coisa na cabeça: as indagas de como e porque aquele ramalhete foi parar ali, naquele lugar último da dita civilidade cosmopolita. Sociedade esta que se esquece, geralmente, de outra camada social que sobrevive daquilo e, em contrapartida, nos devolve a vida.