Pademia Covid-19: A Ignorância e Discriminação em Tempos de Crise
A ignorância parece obedecer à ciclos que alimentam e são alimentadas por crimes ao se potencializarem gradualmente em proporção a intensidade de desespero e pânico ao relegar pessoas mal informadas ou coagidas aos instintos primitivos de animais lutando pela sobrevivência. A peste negra conflagrada pela doença bubônica é uma prova histórica clara disso, o segundo maior massacre de judeus fora nesse período sob alegação de que eles transmitiam a doença e aumentavam o risco da população. Massacre que perdeu apenas para o holocausto nazista que envolveu também deficientes, negros e rivais de mesmo nível moral. As ideias de ambas eram embasadas em pseudociências e crenças fanáticas para supostamente resolver um problema vindo a se tornar o próprio problema.
O fato é que no geral mesmo que os judeus não fossem promíscuos ou promovessem a peste bubônica os ignorantes do povo acreditavam que seria castigo de Deus por causa do fato deles terem matado Jesus, quando curiosamente isso que levou os judeus séculos a matarem judeus. A ignorância assim se repete em ciclos sem embasamento das memórias na busca pouco objetiva de soluções viáveis e legais para determinado problema. Basicamente a ignorância se trata da subversão do preceito dos medicamentos ao combater sintomas, não a causa como o verdadeiro medicamento faz.
Na cidade onde moro prova esse exemplo, ainda que até o presente dia (20 de março) a doença não tenha efetivamente dado as caras a demonstrar um nível de prevenção mínimo e aprazível sabemos que logo alguém de fora trará, cedo ou tarde. No entanto, ainda no início da chegada da doença no Brasil boatos se espalharam afirmando que haviam dois doentes infectados internados sendo uma fake news absurda.
Compreendemos que quando há um telefone sem fio as informação se distorcem suavemente, mas ainda que deturpada as vezes apresentam algum fato de origem razoável ainda que digno de verificação e comprovação. No entanto, quando algo sem a menor plausibilidade surge pode apenas denotar intencionalidade de promover o desespero. Assim ainda que prove que meus hábitos não tornam todos suscetíveis ao mesmo (vivo isolado há anos), alguns até mesmo buscaram associar eu sendo autista sem práticas promiscuas e tendo bronquite (como duplamente vulnerável) como um agente de risco a pandemia. O problema é que a ignorância ante o pânico toma proporções de fervor fanático de crença tornando a vítima de discriminação em para-raios de suas frustrações, incapacidades, inaptidões e temores espirituais de seus próprios pecados.
O coração dessa gente condena a si mesmas. Quem se entrega aos instintos do desespero e medo se torna presa fácil da desinformação e mentiras, talvez por medo de seus próprios atos condenáveis. A doença é real e letal, mas a ignorância também tem o mesmo potencial de letalidade que qualquer doença. O ódio e o medo também são literalmente virais.
Inventar e se deixar levar por hipóteses insanas sem menor prova como a pandemia ser para abafar os males do 5g, que Bill Gates criou o vírus, que o covid-19 veio do espaço alienígena, que um livro que nunca existiu de 1981 previu o surgimento dele não ajudam em nada. Pensem no absurdo de alguém invadir a mansão de Bill Gates para mata-lo sob tais alegações? Mesmo se houvessem provas conclusivas contra quem quer que fosse isso caberia as autoridades competentes a sana-las não a vontade desesperada, pois o medo e ódio tornam a todos tolos. A ignorância não é visão, mas cegueira quando associada ao medo e ódio. Saber de algo perigoso como essa pandemia não significa que sermos igualmente perigosos tornará tudo mais seguro, pois apenas serão parte do problema com potencial de letalidade comparável com a própria doença! Não sejam doença, sejam cura!
Não me matem, pois isso não dá imunidade a ninguém!