A Pós-Verdade e o Fim da Razão
Assim como sabemos de Deus pelo que por ele fora criado, assim sentimos a presença de um autor pela influência de sua criação sobre tanto mais. A tudo pelo qual conhecemos por suas obras, mesmo a diferença entre o Sol e um buraco negro é que o Sol faz orbitar o que ilumina, o buraco negro invisível devora o que se aproxima! Ora, o oculto do que atrai depois trai e faz ser parte dele em igual oculto. Consiste na armadilha o fato de que sendo ignorada sua possibilidade assim ela se consolide, o engano e atração muitas vezes são associadas, pois o saber de sua existência a inválida.
Mesmo no vago paira o vazio que anseia ser preenchido, do oco no obscuro, tenciona aspirações dúbios e débeis a sociedade, mas como dos predadores das savanas que se camuflam afim de tragar presas. O conceito do Enigma da Esfinge carrega o mesmo germe convocando que para sobreviver a esta tem que decifra-la tal como descobrir a armadilha para evita-la, "Decifra-me ou te devoro" conjura ao incauto descobrir como deixar de ser presa. Tal como a mágica que consiste num jogo de mostrar apenas o que desejam que se veja leva ao conceito de ilusão do qual não por menos denota o termo ilusionismo como arte do engano. O mesmo podemos dizer assim da pós-verdade que ascende sobre nós como a maior crise de valores jamais enfrentada pela humanidade onde a verdade e consequentemente o certo e errado tendem a serem derribados tal como todos limites e valores ao conjurar apenas um niilismo de torpeza.
Apenas a ética sabe a responsabilidade moral e histórica que tem, mas quando as aspirações lhe são opostas os resultados históricos normalmente sempre são conhecidos, ainda que a posteori. Pois o mesmo que se oculta muitas vezes sob o ambíguo como camuflagem do questionável moralmente ou eticamente condenável, pois ao derribar fronteiras inclusive semântica demonstra-se apenas como aval a ilimitação ética e moral em imposição de determinada subjetividade, dominante.
A imposição da subjetividade é um subproduto da pós-verdade que parece apenas promover uma esquizofrenia moral arraigada num pensamento mágico como a do nazismo. Ao invés de buscar fazer uma crítica a realidade, passa tentar impor o que é a realidade contra os fatos. Uma coisa é você ser o que seu direito permite, outra e dissociar a realidade o que é base da loucura. Por isso coisas como janela de overton, pensamento mágico, esquizofrenia moral tem vínculos e relações com a pós-verdade, a própria fonte de fake news e hoax se tornam indistintas. A queda das definições no rompimento generalizado de fronteiras assim exacerbam limites éticos, morais e até legais.