moça, qual sua graça?
Se me perguntassem em que consiste e onde está a graça de uma mulher, responderei: não sei. Talvez, para assertar tal indagação, seja necessário dizer no que «não consiste» a graça de uma mulher. Assim, não consiste na maquiagem, na roupa, nem no calçado. Não está no namoro, no casamento, nem no flerte. Não é seu nome, sobrenome, nem sua idade. Não consiste na ideologia que a faz lutar; nem está na arte que lhe faz transfigurar.
(Se ainda quiserem perguntar-me onde consta e onde reside a graça de uma mulher, responderei, sem piscar os olhos, e, sem pensar duas vezes… que: não sei, quem sabe por ali.)
Se estou num estado de vigília, não é para fixar os olhos na exuberância de certo corpo mulheril, longe disso, mas para contemplar o que a Natureza tem em si mesma: a grandeza.
Se perguntássemos à criança em que consiste a graça duma mulher, logo viria à tona, no seu ato de pensar, a sua própria mãe. Por outro lado, se fizéssemos a mesma pergunta ao indivíduo de idade bastante avançada, provavelmente ele diria: "também não sei." Este último, por intermédio de sua idade, e não por caduquice, também se restringe a responder. Sim, restringe-se, não por esperteza e tamanha experiências que lhe cabem, como quem quer fugir de alguma responsabilidade, mas por falta de palavras que fogem-lhe o controle e que não consta em dicionários; distante até de qualquer campo de discurso metafísico, que nem mesmo Platão e sua Teoria do mundo inteligível (das ideias) associada à dialética aristotélica conseguiria responder.
E, portanto, que conclusão eu tiro de tudo que escrevi? Simples. Que por favor, se alguma mulher o leu, negue-se a dar-me qualquer resposta: deixe-me como uma criança: limitado perante a fala, porém feliz enquanto penso e contemplo.
Leia aqui meu artigo sobre a banda acima: Elephant Revival
"Moça", pensei comigo mesmo, "qual sua graça?" Até hoje não sei...