Um Pouco Do Rock Progressivo Nos Anos 70
O Rock Progressivo é muitas vezes considerado um subgênero chato do rock, que perde o dinamismo e a força daquilo que seria o rock, entretanto, creio que seja necessário contextualizar e explicar o estilo, pelo menos de uma maneira básica.
O marco inicial do Prog foi com o lançamento de In The Court of Crimson King, ainda no fim dos anos 60, do King Crimson. Primeiro disco considerado genuinamente Prog e um dos melhores da banda inglesa. Aliás, a Inglaterra é tida como a terra natal do Rock Progressivo e como um dos fortes países com base prog, como mostrarei mais adiante.
Se o King Crimson é o marco inicial do Prog, o Yes é considerado a banda que mais explorou o estilo. As guitarras rápidas e melódicas, fritadas e bem elaboradas, o contrabaixo ligeiro e inteligente, juntamente com os teclados mágicos, principalmente de Rick Wakeman, o tecladista da formação clássica do Yes, juntamente com Bill Brufford, baterista agressivo e erudito, a banda inteira realizava magia no palco e nos discos. O disco clássico do Yes não é marcado por ter um conceito que liga todas as músicas, ferramenta largamente utilizada pelas bandas Prog, mas sim por cada música, e no disco só há três músicas, serem um conjunto de peças altamente harmônico. Cada música é a união perfeita de capítulos – a música é uma obra completa.
Já o Pink Floyd seguiu caminhos diferentes de seus companheiros britânicos: o prog era metade da banda, a outra metade era o psicodélico. Como isso foi expelido? Com um álbum chamado Dark Side Of The Moon, conceitual, que explica a situação humana em relação às suas questões na modernidade. Depois deste álbum, todos os outros podem ser considerados conceituais, enquanto Roger Waters ainda fazia parte da formação da banda.
O Genesis talvez não teria tanto sucesso se não fosse por Peter Gabriel alucinadamente fazendo do palco um grande teatro para contar a história de suas músicas. Ele se vestia de duende, de velho, de tudo que esteja dentro de suas histórias. The Lamb Lies Down on Broadway é o disco conceitual, entretanto, a música mais memorável da fase estritamente prog da banda é Supper's Ready, uma peça de quase 23 minutos sobre uma jornada pessoal com temática baseada na bíblia.
A grande crítica a respeito do rock progressivo se instala no fato de que as músicas não são gregárias... Não são de fácil assimilação ou reprodução. São músicas de classe-média refinada. Esta crítica não é falsa, afinal, basta escutar alguns álbuns do Emerson, Lake and Palmer para verificar a abstração total, entretanto, também é um fato que o público das bandas citadas acima era composto por todas as classes sociais. Dentro da época, o prog era a expressão artística também absorvida pelas classes operárias, dentro das limitações de influência do rock. O mito se tornou realidade após a fase áurea, quando o estereótipo de “rock de classe-média” virou uma máscara desejada por uma classe-média criticada pelo Punk.