Intermitências da vida
Poderíamos existir em uma vida sem urgências? Vivemos para confrontar responsabilidades ou são as responsabilidades cotidianas que nos impulsionam a viver? Lembro vagamente da minha infância. Gostaria de ter em mente todos os dias vividos como se fosse o acordar do ontem, mas por motivos diversos, apenas alguns e importantes períodos ficam registrados. Entre fases nas quais vivenciei descobertas, tive quedas imaginárias e a decepção do primeiro amor infantil, ainda assim chorei sorrisos, amei amigos e comecei a delinear o homem no qual queria e ainda busco me tornar.
A proximidade do fim do ano para o início de um novo gera expectativas, reflexões. Sentimentais e racionais. Se você me perguntar se fora um bom este que está indo embora, direi que sim. Porque durante os dias, semanas e meses que sucederam o presente, deixei perdas no passado, ganhei fôlego para o futuro, e principalmente alcancei mais um degrau para o autoconhecimento. Encontrar correntes e outras mensagens de “Boas Festas” espalhadas na internet ou nas ruas, podem pouco agregar para muitos, afinal o Natal e o querido Ano Novo são datas compartilhadas pelo calor da proximidade daqueles que amamos, mas sem dúvida alguma, dias como estes servem como oportunidade para adentrarmos em nós mesmos.
Conversando com o meu Papai Noel interior, busquei vida. Busquei a mim mesmo. Energias, incentivos e aprendizados para seguir adiante. Para amar mais. Ser mais. O mundo anda precisando disso. Mesmo na utopia do aguardo do mundo ser um lugar melhor. Seja mais igualitário e mais solidário, o exercício da esperança e da confiança de galgar momentos melhores, pessoas melhores, tornam os dias mais límpidos. Humanos. Talvez seja o começo para aceitar responsabilidades e compreender que nem tudo são só sorrisos, mas nem por isso necessitam ser apenas lágrimas, e mesmo que fossem, por favor vamos regar as mesmas entre sorrisos, abraços e beijos.
Para amar, liberamos nossas experiências passadas na vil esperança de sermos compreendidos, quando o amor por si só é beijar com ternura a possibilidade de conviver em paz com as adversidades, discordâncias e outros sentimentos obscuros encontrados mundo afora. Então tenha fé. Banhe a sua religiosidade interior, pois a busca no divino, independente da crença seguida, começa por você. É a responsabilidade mais importante.
Do mais, peço desculpas pelos acertos. Sim. Pelos acertos. Porque erros todos cometemos, mas os acertos, a felicidade em cumprir algo diferente, tangível e inebriante, estes sim são legítimos para celebrar e se desculpar. Não por arrogância, mas por humildade em reconhecer estar evoluindo, vivendo. O lamento ou a tristeza momentânea reside na ausência de visão do outro, cego por assuntos banais. Mas eu ainda acredito. O meu interior é utópico. Eu amo demais e assim sendo, quero demais. Tá na hora. E devagar e urgentemente, faço votos para o vislumbre de dias, semanas e meses melhores. Apreciando o novo, bebendo dos prazeres diários, intocáveis e sublimes da vida. Boas festas. Estamos todos juntos. Acredite.