Eu não vim nessa terra pra não morrer de amor
Goodbye Girl, The (1977) - Dir. Herbert Ross
Já falei de metades, bradei sobre instantes e saí nas ruas dançando amor. Mas esqueci de rabiscar no asfalto e pintar nos muros a indagação que deixa qualquer amante sedento de palavras; se não vim nessa terra pra não morrer de amor, por que vim? É tempo de colocar os pingos nos is e fazer valer o coração que nos comporta e nos move por dias a fio, cambaleante, mas afinco, disposto sempre ao impossível de formas possíveis.
A mensagem é clara e nua: vamos abraçar os clichês. Vamos reconhecer as nossas próprias pernas e mãos desmedidamente compondo um afresco desse nosso amor que não é castrado e controlado pelos ditos ritos sociais. Vamos perder as estribeiras e mergulharmos fundo na poesia sufocante da ausência de métricas trajando versos aleatórios, mas munidos de tanta vontade que não existirá ar, somente uma enchente de sorrisos.
Magic in the Moonlight (2014) - Dir. Woody Allen
Não quero mais medir o tempo das coisas já vividas. Quero e, espero que também queira que criemos o nosso próprio espaço emocional e físico, onde possamos despejar litros e mais litros de admiração, confiança, respeito e companheirismo. Porque presos nas mazelas do egoísmo barato, o amor é o primeiro da fila no abismo.
High Fidelity (2000) - Dir. Stephen Frears
Quero cantarolar na mesa de bar, bebendo descontraidamente, a felicidade carnavalesca do amar nós dois. Mas sem fazer qualquer tipo de pose ou discursos de inveja para ganhar público de amigos e desconhecidos, pois no nosso palco, o show é intimista e artístico num ponto que não cabe platéia.
Por que eu não vim nessa terra pra não morrer de amor? Porque é com o amor que me visto e saio porta afora. Sem ele, a vida seria um paraíso desnudo do qual não poderia fazer parte.
“E foi tanta felicidade que toda a cidade se iluminou. E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como se não ouvia mais”. (Chico Buarque)