Ito Jakuchu: arte, cor e vida na Era Edo
Ito Jakuchu (1716-1800) foi um pintor que viveu no Japão durante a era Edo, sua arte é centrada nas imagens tradicionais da paisagem japonesa. Desde criança Jakuchu foi fascinado em observar a natureza ao seu redor, quase sempre considerado um antissocial, pois passava a maior parte de seu tempo em uma concentração profunda de admiração à vida que estava ao seu redor. A pintura era uma grande paixão sua e muito se dedicou a esta arte, durante boa parte de sua vida fez cópias perfeitas de quadros de diversos artistas japoneses e chineses.
Jakuchu possuía uma forte relação com as filosofias budistas Zen, e essa relação era observada em seu comportamento calmo e centrado, a sua iniciação na pintura teve início a partir da intensa observação das pinturas chinesas e japonesas presentes nos templos budistas. Algumas fontes indicam que Jakuchu estudou com Ōoka Shunboku, um artista de Osaka muito conhecido pelas suas pinturas de pássaros e flores.
Jakuchu começou a pintar o que ele observara a vida toda, por esta razão estudou muito da arte chinesa e seguia a filosofia de pintar as coisas como elas são. Ele sempre gostou de observar galinhas e galos, ele mesmo dizia que passara a vida toda observando esses animais, mas cada vez ele captava um comportamento diferente que tanto o agradava. É por esta razão que é muito comum observar na obra de Ito Jakuchu a representação de tantos galos e galinhas, pois ele já dominava todos os movimentos destes animais e os representava com uma perfeição de cores e comportamentos.
Por volta de seus trinta anos Jakuchu montou um estúdio próximo ao rio Kamo e o chamou de Shin'en-kan (vila do coração -ou mente- isolado), trecho de um poema do poeta chinês Tao Quian. Foi por este período que Jakuchu iniciou uma amizade com o monge Jakuchu Daiten Kenjō do templo Kyoto Shokoku –ji, essa relação o fez ter acesso a coleção de arte e a inserção em grandes círculos sociais de artistas. Ele e tornou muito conhecido e aclamado pela comunidade de Kioto e depois muito além de suas fronteiras, houveram inúmeras encomendas de pinturas, principalmente para templos budistas e xintoístas, incluindo o templo Rokuon-ji.
Durante vários anos de sua vida pintou uma série de quadros que intitulou “O reino colorido dos seres vivos” (pintados entre 1957 e 1965), trata-se de um conjunto de 30 painéis com pinturas de natureza dos anos 1700 que foi entregue ao templo Shokoku –ji. Este conjunto é uma propriedade da família real do Japão e é considerado um tesouro cultural, que por muito tempo foi exibido somente uma vez por ano no palácio real. Nestes painéis há a representação de pássaros, flores, insetos, peixes e outros animais sobre painéis de seda verticais.
Muito de suas obras eram na forma de pergaminhos que ficavam pendurados e apresentava uma união de técnicas de pintura japonesa e chinesa, uma das características de sua pintura é a camada muito fina de tinta, não havendo qualquer tipo de sobreposição na pintura, nem o cruzamento das linhas de contorno. A camada de tinta é tão fina que é possível observar todas as linhas da seda, material no qual ele usava para pintar.