O outro
“Olhem para uma flor. Vocês alguma vez olharam para uma flor? Ou vocês olharam para ela, lhe deram um nome, passaram por ela. Ou vocês dizem: “Que linda, me deixe cheirá-la” Todas estas são ações que distraem, que os impedem de olhar para esta flor.” (Krishnamurti)
É possível esvaziar a mente do experimentado? Olhe para a pessoa que está ao seu lado, ele é o que é, o que você acha que ele é ou o que você deseja que ele seja? Existe um espaço entre o que você vê e o que o outro é. Neste intervalo existe o nosso próprio tempo onde residem nossas idéias, medos e referências, tudo isto nos impede de ver a realidade do outro, se é que é realmente possível ver a realidade do outro sem ilusão, e principalmente é o que nos impede de aceitar o outro sem impor nossas experiências.
Nomeamos e classificamos; etiquetamos reações e ações, nos habituamos a ver o outro com a vestimenta do que nos é conhecido, inclusive com a roupagem daquilo que tememos, neste movimento habitam inúmeros afastamentos e diversas solidões.
Para conhecer e receber antes é preciso despir nossa mente de todas inferências, do contrário o que vemos são reflexos de lembranças, imagens criadas e receios secretos, assim o que vejo não é o outro, mas o que suponho do outro.
Relacionar-se verdadeiramente é também despir-se, é estar presente sem a necessidade de levar a termo ideias e conceitos. Somente quando a mente está livre é possível ver o todo, e quando vemos o todo não é preciso nomear, porque já não é preciso dividir ou classificar, e nasce então uma qualidade delicada e bela de atenção. alguma coisa como um laço livre.
Olhem para o outro. Alguma vez olhamos realmente para o outro? Ou apenas tentamos adivinhar o outro, ou dizemos: “Como ele está vestido bem! Por que responde assim? Como engordou!" Todas estas são ações que distraem e que nos impedem de olhar para o outro.