A morte de uma estrela
Estrelas morrem há anos luz daqui, e vivem milhões ou trilhões de anos e seus brilhos nos iluminam à noite. Enquanto observava, deitada na verdejante grama o céu estrelado e sem lua a passagem de uma estrela cadente, reconhecia a finitude do existir. As almas de todos que morriam habitavam as mentes daqueles que estavam vivos tornando-os eternos enquanto se lembrassem. Somente havia a morte do corpo. O espírito era a memória que mantinha seu fulgor aceso nos corações e mentes. As chamas que queimavam até se tornarem cinzas d’alma. Uma criança entende a morte de forma inocente e curiosa, todavia de um modo mais sincero que os adultos que buscam incessantemente um significado que lhes satisfaça através da religião ou ciência esquecendo-se da natureza que deu origem as duas. A criança, estirada na grama, fitava uma estrela cadente e desejara que nenhuma estrela mais fenecesse. As estrelas não mereciam morrer, pois foram pessoas ou animais que estavam vivos e tornaram-se constelações que nos iluminam e guiam como o mito da menina que se tornou o amor e surge através dos céus estrelados somente aos jovens verdadeiramente apaixonados. À noite era agradável e aconchegante para ela que desfrutava das últimas horas antes do amanhecer. O brilho das estrelas e suas estórias eram o único presente que lhe restou. Todos que conhecia estavam mortos e os bons, com toda certeza, se tornaram estrelas, ela acreditava, assim como ela gostaria de se tornar. Estrelas morrem todos os dias, e ela estava morrendo sem medo, sem dor, com a esperança de estar nos céus. Sua respiração estava fraca, seus olhos turvos e seu coração estava parando de bater. Ela fez mentalmente sua última prece e dormiu. Quando seus olhos se fecharam, uma forte luz surgiu nos céus e uma nova estrela brilhou.