Eu me levantei meio Neruda
Hoje eu levantei me meio Neruda, com aquele amor que convulsiona o peito, meio desesperado por entregar algo que talvez, seja a mim mesmo. Lavantei hoje meio Neruda, desesperado pela solidão que estava tão companheira. Assim ao levantar nesse estado Neruda, contemplei meio poético os horrores desse mundo meu, as guerras desse mundo meu, as dores desse mundo meu, que de tão meu doi em mim. Aí, engajei-me em meu partido,lavantei uma bandeira sem nome, mas ninguém me entendeu. Poderia eu ter levantado menos Neruda hoje.
Hoje levantei meio Neruda. Lanvantei com a Espanha no Coração Espanha no coração:Pablo Neruda
Madrid isolada e solene, Julho te surpreendeu com tua alegria de colmeia pobre: tua rua era clara, claro era teu sonho. Um desejo negro de generais, uma vaga de sotainas raivosas rompeu entre teus joelhos suas lodosas águas, seus rios de escarro.
Todavia, com os olhos feridos de sono, com escopeta e pedras, Madrid, recém-ferida, defendeste-te. Corrias pelas ruas deixando estelas de teu santo sangue, reunindo e chamando com uma voz de oceano, com um rosto mudado para sempre pela luz do sangue, como uma vingadora montanha, como uma sibilante estrela de facas.
Quando nos tenebrosos quartéis, quando nas sacristias da traição entrou tua espada ardendo, não houve senão o silêncio do amanhecer, não houve senão teu passo de bandeiras, e uma gota de sangue em teu sorriso.
in Tercera Residencia, Madrid, 1936
(Tradução de J.T.Parreira)