A culpa do meu vício: o tabaco no cinema
Sem fazer demagogias e nem achar culpados ou mesmo iniciar um protesto, mas sim, mostrar essa relação de glamour e destruição na construção de arquétipos no cinema: o personagem fumante.
Uma planta descoberta há cerca de 500 anos na América, o maldito cigarrinho, aparece mais ligado ao ritual que envolve o ato de fumar do que à própria nicotina – na época da descoberta e até nos dias atuais.
Mas hoje, as barreiras da Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê o controle sobre o comércio de cigarro, limites à propaganda, aumento de impostos e divulgação dos malefícios que ele causa.
Nas produções hollywoodianas, o fumar foi se assumindo como uma forma de afirmação na sociedade, status, rebeldia e até mesmo sensualidade. E não só nas telas, mas na vida, as pessoas assimilavam (ou assimilam) o hábito com essas características.
Marlene Dietrich em Atire a Primeira Pedra, 1939.
James Dean em Juventude Transviada, 1955.
Clint Eastwood na Trilogia dos Dólares, anos 1960.
Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo, 1961.
Uma Thurman em Pulp Fiction, 1994.
Iggy Pop e Tom Waits nos anos 1950, em Sobre Cafés e Cigarros, 2003.
A verba que a indústria de cigarro colocou no cinema nos anos de 1940 e 1950 foi responsável por números contraditórios: financiou filmes belíssimos e, por isso mesmo, criou o glamour do hábito, incitando muitos a fumar (se é que esse poder existe, não posso afirmar). Décadas antes o cigarro já servia, no cinema, de metáfora para a relação sexual (é possível notar isso em alguns filmes citados acima).
Toda essa história de cigarro no cinema me fez lembrar a série Mad Men. A série mostra a sociedade americana nos anos 1960 – em uma agência de publicidade. Destaca o tabagismo, alcoolismo, sexismo, feminismo, adultério, homofobia, racismo e antissemitismo. Mas principalmente, os criativos fumando sem parar no auge do conceito (assista, mas não se influencie).
A série Mad Men estreou em 19 de julho de 2007.
Mas não só no cinema o famoso “fuminho” foi apresentado. Nas obras do século XVIII, do artista Francisco de Goya, o cigarro foi retratado em várias pinturas como La cometa, La Merienda en el Manzanares e El juego de la pelota a pala. Tem mais culpados nessa história!
El juego de pelota a pala, Museo del Prado.
Nos anos 1990 tudo mudou. Quem fuma passou a ser um excluído, chato e nojento. Foi quando a legislação norte-americana agiu de forma severa com a indústria do tabaco e o resto do muno seguiu seus passos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o aumento de 50% da tributação da matéria-prima do cigarro, poderia levar 49 milhões de pessoas a parar de fumar no mundo todo (camara.leg.br/camaranoticias).
E você, fuma por quê? Ou não fuma por quê? E no próximo ano, vai parar?