O misterioso mundo de Hata Kazuma
O que me intrigou na maioria de seu trabalho foi a falta de senso de identidade. As pessoas fotografadas estão em lugares insólitos, inesperados em poses estranhas, deitadas no chão, largadas no meio de uma floresta, de cara para a parede ou simplesmente nus.
O senso de composição de suas imagens é bem forte e marcante. Quando coloca as pessoas bem no centro da imagem e abre a composição só para mostrar que não há nada de mais interessante mas apenas uma expansão do ambiente onde se encontra o objeto o que dá a impressão de solidão, de diminuição do papel do homem e da ampliação da força da natureza em relação ao homem. O contraste na composição revela que a natureza predomina sobre o homem e não o contrário.
Algumas imagens recortam uma pequena porção do ambiente que o está aprisionando talvez a necessidade de deitar no chão, se despir seria uma forma tentar se conectar com a natureza de alguma maneira, sentindo-a, imitando-a, poetizando-a. Uma pessoa tenta entrar num apartamento. Ela supostamente escalou o prédio para poder estar do lado de fora da janela tentando entrar. Estaria ela roubando o lugar, fugindo dos horrores da sociedade, procurando abrigo, ou simplesmente esqueceu a chave e não encontrou outra maneira mais fácil e rápida de se adentrar no local. Seja qual for a intenção, a imagem abre espaço para a contemplação o que é uma marca no trabalho de Hata Kazuma.
O que estaria fazendo uma pessoa no mar sozinha? E uma mulher olhando para a parede, imóvel como uma estátua? O que faz uma criança deitada no meio de uma floresta onde um feixe de luz ultrapassa as árvores e forma um círculo onde deveria estar o ser um local agradável mas tem uma criança deitada, talvez dormindo, talvez morta. A dúvida está sempre incutida em suas fotos e abre uma discussão que pode não ter fim.
O mais interessante é que o corpo de seu trabalho é intrigante, dá margem ao questionamento, busca estranhar o público mas de uma forma bem sutil, quase zen. Mergulhar em seu mundo é um trabalho árduo e talvez você só saia dele depois de muito tempo tentando responder as suas próprias perguntas. Pouca informação há na rede sobre seus feitos. A maioria está em japonês no site do artista. Mesmo assim eu acredito que somente suas imagens já falam por si.