Cinema e temporalidade: O que você faria se controlasse o tempo?
O que faria (ou não faria) se pudesse prever o futuro ou voltar ao passado? Se soubesse quanto tempo ainda lhe cabe, como governaria suas horas? Se a certeza do fim fosse próxima e palpável, como terminaria seus dias?
Se soubesse que aquele era o ultimo abraço, teria se demorado mais?
Se soubesse que veria aquele sorriso pela última vez? Que perderia a possibilidade de dizer o que sente na intenção de dizer no instante seguinte? Que teria se arrependido por ter feito? Que teria lamentado por não ter se permitido? Se você pudesse ter qualquer controle sobre a ação avassaladora do tempo, qual caminho teria seguido?
Desde sempre, o ser humano analisa racionalmente o transcorrer do tempo, procurando estabelecer uma ligação entre instante e espaço. Com a observação aplicada as repetições dadas estabeleceu-se ordem para dia, noite, horas, semanas, meses e anos.
Este tempo mecânico, que se repete e é marcado por ponteiros e calendários, é vivenciado de modos distintos, pois cada um tem em sua existência um modo próprio de experenciar o tempo. Para Heidegger, o tempo é a própria manifestação do ser, ou seja, só existimos porque estamos essencialmente ligados a ele e a sua possibilidade de vir a ser e se projetar para o futuro de modo que, mesmo diante da nossa finitude, nos lançamos para o amanhã.
O controle do tempo sempre foi discutido e apresentado em meio a uma angústia inquietante. Quantas vezes você já não ouviu (ou disse) frases como: “Se pudesse voltar atrás”, “Se soubesse o que me espera”, “Se tivesse mais tempo”, “Se pudesse adiantar essas horas”?
Todos, em algum momento da vida, desejamos controlar o tempo e suas surpresas, alguns por causas mais nobres, outros nem tanto, contudo - de alguma forma maluca - desejamos e buscamos o controle do dia seguinte como se a obviedade de sua concretização fosse inabalável.
Toda vez que vejo um filme que trata desta nossa querência pelo controle e o modo como lidamos com a iminência do seu fim, chego a conclusão do quanto o domínio pelo que foi e pelo que poderá vir a ser é vacilante. De qualquer modo, estamos sempre deitando as nossas cabeças no travesseiro e pensando o que mudaríamos se pudéssemos voltar atrás e o que faremos nos lançando para frente.
Enfim - até agora - tudo que sabemos sobre o tempo é que ele nos engole sem aviso e que o nosso controle se limita ao presente. Partindo desta premissa, só o cinema mesmo para nos apresentar as infinitas (e improváveis) possibilidades de compreender o tempo e sua ação sobre nós:
1. Click, de Frank Coraci (2006)
2. Donnie Darko, de Richard Kelly (2001)
3. A Vida de Outra Mulher, de Sylvie Testud (2012)
4. Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo, de Lorene Scafaria (2012)
5. Sem Segurança Nenhuma, de Colin Trevorrow (2012)
6. Te Amarei Para Sempre, de Robert Schwentke (2009)
7. Duas Vidas, de Jon Turteltaub (2000)
8. Antes que Termine o Dia, de Gil Junger (2004)
9. Minha Vida Sem Mim, de Isabel Coixet (2003)
10. O Último Trago, de Jack Zagha Kababie (2014)
11. Triângulo do Medo, de Christopher Smith (2009)
12. Efeito Borboleta, de Eric Bress, J. Mackye Gruber (2004)
13. Meia-noite em Paris, de Woody Allen (2011)
14. Interestelar, de Christopher Nolan (2014)
15. O Feitiço do Tempo, de Harold Ramis (1993)
16. O Planeta dos Macacos, de Franklin J. Schaffner (1968)
17. Sr. Ninguém, de Jaco van Dormael (2009)
18. De Volta Para o Futuro I (1985), II (1989) e III (1990)
19. Questão de Tempo, de Richard Curtis (2013)
20. Casa do Lago, de Alejandro Agresti (2006)
21. Peggy Sue – Seu Passado a Espera, de Francis Ford Coppola (1986)
22. O Homem do Futuro, de Claudio Torres (2011)
23. Looper: Assassinos do Futuro, de Rian Johnson (2012)
24. Deja Vu, de Tony Scott (2006)
25. 12 Macacos, de Terry Gilliam (1995)