Permacultura e vida psíquica: o que há em comum?
Tô divagando na relação que há entre o conceito de Floresta de Alimentos e nossa vida psíquica... Vejam, o imediatismo é a postura que impera quase sempre nas nossas tomadas de decisões, de modo que, qualquer atividade que demande tempo e dedicação se torna tediosa e repulsiva. Por vezes, a questão econômica é posta como motor que impulsiona e não há aqui julgamentos sobre isso, já que se sabe que dentro de um modelo capitalista fica quase impossível fazer brotar sonhos independente das expectativas de mercado.
Em uma floresta de alimentos projetada, bem como num projeto de vida, tudo ou quase tudo deve ser pensado com cuidado. É preciso ir para além da demanda individual e estender o projeto para outros seres, inclusive os não humanos. Entre os elementos que podemos relacionar está a diversidade que se coloca como fator preponderante e age como apoio dos componentes que habitam o mesmo espaço. Para além disso, divagando um pouco mais, percebemos a necessidade de compreender o contexto no qual estamos inseridos e aceitar que algumas ações não serão possíveis ou terão que ser adaptadas. Há também a ideia de nos preparamos pra diferentes estações, cada uma com sua especificidade.
A copa, que oferece proteção, deve ser revista para que não invada o espaço do outro e permita uma relação justa e harmônica sem perder beleza e produtividade. Água, luz e nutriente são essenciais e devem coexistir em harmonia.
Sobre a controvérsia prática da poda que consiste em rever lugares e prioridades há de se pensar dois aspectos. Primeiro, quando é hora de cortar pela raiz árvores que não nos dão bons frutos ou que não são mais sadias dentro do nosso modelo de vida?
Segundo, mesmo depois de derrubada, a árvore gera material rico pra construção de um solo fértil, ou seja, ainda que você mude sua direção e organize seus caminhos de um outro modo, há uma ancestralidade que te forma e faz ser quem é. Suas dores te fazem crescer e por vezes florescer e frutificar. É fácil construir uma floresta de alimentos ou uma vida psíquica que seja autossuficiente e se regule por si só? Não.
Mas - depois de compreender os mecanismos que nos originam - é possível partir do lugar de reflexão e divagar sobre lugares melhores.