O corpo em contemplação de Eikoh Hosoe
© Eikoh Hosoe
Talvez o meu movimento artístico preferido após o Impressionismo seja o Barroco. Definitivamente no quesito música, o Barroco ganha em disparada e Arcangelo Corelli tem um lugar em meu coração. Toda a opulência, a linha tênue entre a luz e escuridão, refletindo tão bem o contexto histórico, me faz chegar a plena conclusão que o ser humano está em seu auge quando encontra o contraste.
Preto e Branco. Delicado e Rústico. Fluído e Estático. Pleno e Errôneo.
© Eikoh Hosoe
Linhas que nunca determinam, apenas apresentam mais e mais fatores para a completa contemplação.
Eikoh Hosoe começou seu trabalho fotográfico em 1950 no Japão pós Guerra, mas é com muita convicção que posso afirmar que o Barroco está lá, na obra de um oriental que reflete em cada imagem tamanha perturbação, tão apaixonadamente estruturado e sobreposto.
© Eikoh Hosoe
Bernini em sua obra, no começo de 1600 gritava em cada escultura questões emblemáticas de sua época, mostrando a carne, a imagem e semelhança de Deus que nos coloca tão abaixo de qualquer divindade, porque quando o homem é relacionado aos céus, se torna pequeno, um detalhe na grandiosa obra celeste. Uma racionalização no caos.
© Eikoh Hosoe
Questões que me tomaram tantas e tantas vezes enquanto contemplava cada fotografia de Hosoe, mas nada se comparado a Embrace, publicado em 1971, onde corpos se entrelaçam, no auge da vivacidade, abusando do contraste entre o humano e o divino, nossa "forma".
© Eikoh Hosoe
© Eikoh Hosoe
Nada somos sem nossos tendões, músculos, pele, ossos, carcaça, uma limitação clara.
O trabalho de Hosoe está exposto no SESC Consolação até o dia 3 de Maio e a entrada é franca.