O que sobrou do jornalismo?
Disseram-me dia desses que lá no UOL não existem mais praticamente jornalistas trabalhando. Que o trabalho é feito automaticamente, por máquinas, e que por causa disso as notícias têm a cara que têm.
Não sei. Sei apenas que o site levou horas para corrigir um erro ortográfico, um dia desses, em que fiquei online, e que a maioria das notícias parecia rebatida de algum lugar, esquentada ou sem a menor graça.
Tem gente que não gosta dos jornais quando fazem manchetes bombásticas que podem não se provar totalmente verdadeiras depois. Ou porque falam notíciais ruins - como se a vida fosse feita somente de notícias boas. Ou quando replicam tiroteios verbais entre políticos que disputam eleições.
Sou jornalista há mais de 18 anos e não irei lhes dizer que gosto de todo jornalismo que é feito por ali - em São Paulo - ou por aqui - em Taboão da Serra (onde moro). Considero muito jornalismo divulgado como chapa branca e outro meio que sensacionalista demais. Não irei dar nomes aos bois, que cada um responde pelo que faz.
Mas esse negócio de jornalismo bonzinho, jornalismo de UOL ou jornalismo com notícias ditas do bem me tira do sério. Todos sabemos que o bom jornalista é quase equivalente ao cara que divulga as encrencas, ao cara que tem a polêmica na ponta da língua, ao jornalista que parece que alguns só querem ver em filmes estrangeiros.
O cara polêmico, combativo, sempre no olho do furacão, sempre foi e sempre será o modelo do jornalista que todos querem ter bem do lado, contando as últimas notícias. O cara que abaixa a cabeça, o cara que publica o que os poderosos querem, esse queremos longe.
Como eu quero longe os portais como o Uol, que parecem copiar, chupinhar mesmo, os sites oficiais - agora, há pouco, do STF. Que vergonha.