Corpo desnudo
As nossas reações diante de um corpo desnudo são, ao mesmo tempo, reveladoras e curiosas. Apreciamos a imagem, seja através da composição, da forma, da cor, do contraste ou dos significados que ela sucita.

É imediata a reação por parte de quem observa o corpo desnudo: condená-lo, chamando-o de constrangedor ou indecente, ou dizer que se trata de arte.
Goya, A Maja Nua, cerca de 1800
O corpo humano é um tema recorrente na arte. Desde nossos ancestrais mais remotos, sempre houve a necessidade de representar ou refletir sobre sua própria imagem. O homem primitivo representava a forma feminina com seios e abdômen avantajados para simbolizar fertilidade e perpetuação da espécie, que, para eles, era função sagrada da mulher.
Vênus de Willendorf, Pré-história
Na era clássica predominou a representação da beleza e vigor físico. Embora neste período tenha existido a produção do corpo desnudo em abundância, notamos um nu limpo e casto, mostrando a beleza e a sensualidade.
Praxíteles, Hermes e Dioniso Criança, 340 a.C.
As figuras representadas simbolizavam a crença da civilização greco-romana. Arte e religião eram temáticas muito íntimas, plasmadas em mármore e bronze nas composições antropomórficas da mitologia, vislumbrando seres perfeitos que o homem tentava se equivaler.
Esta busca pela perfeição promoveu um culto ao corpo, com proporções e padrões ideais representados na estatuária grega, jamais presentes em toda a história com propósitos tão evidentes.
Botticelli, O Nascimento de Vênus, 1483

O nu continuou sendo uma importante temática na história, utilizado em todas esferas artísticas, mais recentemente pelas performances, que causam repercussão por estarem frente a frente ao espectador. Também por trazerem à tona conceitos mais críticos, em vez de subtrairem-se ao voyeurismo do corpo belo.
Marina Abramović, Rhythm 0, 1974
A uns o foco é a parte formal da estética, proporcionada pela composição objetiva, precisamente às linhas ondulantes dos corpos. A outros, a significância e os simbolismos é mais relevante.
Courbet, A Origem do Mundo, 1866


Por quaisquer propósitos - arte, apelo midiático, ou indecência -, o nu configura o campo visual de todo o sempre, caracterizando nossa esfera social e histórica, enredando longos e incessantes debates.
Man Ray, Prayer, 1930
