Um jantar com Hannibal
Se você, assim como eu, é um apaixonado por terror e suspense, com certeza acompanhou a série de filmes de Hannibal lançada entre a década de noventa e o início dos anos 2000. Começando com O Silêncio dos Inocentes (1991), passando por Hannibal (2001), Dragão Vermelho (2002 - este uma refilmagem do filme de 1986) e terminando com Hannibal - A Origem do Mal (2007) os filmes arrecadaram prêmios, milhões de dólares e uma legião de seguidores.
Baseados nos romances do escritor americano Thomas Harris, os filmes contam a história do sofisticado psiquiatra-psicopata-canibal Hannibal Lecter. O médico ganhou vida com ninguém menos que Anthony Hopkins, que assume o papel com maestria e faz com que você ame cada pequena maldade de Hannibal. Enquanto oscila entre um psiquiatra educado e sofisticado e, um psicopata canibal que prepara glamorosos jantares com órgãos de suas vítimas, Hannibal também usa sua inteligência para ajudar o FBI a desvendar crimes.
Anthony Hopkins como Hannibal Lecter
Depois de uma pausa de seis anos sem novidades, no início de 2013 o lançamento uma nova série da NBC voltou a animar os fãs de Hannibal. Hannibal – Embrace the Madness também se baseia nos livros e seria um prelúdio do terceiro filme (Dragão Vermelho). Seu roteiro central é a relação entre o psiquiatra Hannibal Lecter e o agente especial do FBI Will Graham. Porém, apesar da aparente similaridade, a série traz algumas novidades no roteiro bastante interessantes que prometem um novo uso da formula já um pouco desgastada.
No Hannibal feito para televisão Will Graham não é apenas um agente muito bom que tem a capacidade de se colocar no lugar de qualquer assassino e assim desvendar o seu estilo. Este novo Will Graham é ainda mais inteligente, e mais frágil. Além de uma capacidade de empatia ainda maior, o novo Will possui aspectos autistas bem fortes, e questionamentos sobre a própria sanidade. Na série há também muito mais espaço para mostrar os conflitos internos do personagem de Graham, o que, em muitos momentos, o torna até mais interessante que o próprio Hannibal.
Lecter por sua vez é vivido pelo ator Mads Mikkelsen que assume bem o antigo papel de Hopkins e dá vida a um Hannibal ainda mais charmoso e elegante, mas também mais frio e controlado. Apesar das atrocidades cometidas pelo personagem ao longo da série falta no Hannibal de Mads aqueles momentos de extrema loucura e aquele olhar poderoso lançado pelo canibal de Antonhy, que fazia com que você tivesse medo dele mesmo amarrado.
Na série a relação entre os personagens também se modifica. Hannibal não é chamado para ajudar com os crimes, isso Will já faz muito bem sozinho, seu papel é ajudar o agente especial Graham a manter a sanidade para fazer seu trabalho. Não é preciso nem dizer que o psiquiatra se aproveita da situação para, na verdade, confundir e manipular Graham. Seu acesso a informações privilegiadas sobre as investigações do FBI também lhe permite armar uma terrível armadilha para Will.
Os episódios se desenvolvem com dois roteiros paralelos: o crime a ser desvendado por Will e a trama entre ele e seu psiquiatra. Sendo o segundo de longe muito mais interessante que o primeiro. Na verdade, os crimes que vão aparecendo para Will desvendar parecem ser apenas desculpas para dar continuidade ao roteiro entre o agente e o médico. Apesar de muitos crimes parecerem complicados eles são quase todos resolvidos com uma única entrada de Will na cena do crime. Simples demais para chegar a ser intrigante. Will raramente recolhe provas ou junta pedaços, ele simplesmente olha e vê. Por outro lado, a disputa intelectual entre Graham e Lecter vale cada episódio.
Os personagens secundários também ajudam a esquentar a série. Laurence Fishburn conquista na pele do agente durão Jack Crawford. Alana Bloom também convence como a sweetheart de Will. Os incríveis pratos preparados por Hannibal também são um personagem a parte e, parecem tão deliciosos que você até esquece que são pessoas e tem vontade de comer um pedacinho. E isso é apenas a primeira temporada.
A dica é: não desista nos primeiros episódios, vai valer a pena!