Com as frutas, por elas e a elas
Não existe muita coisa tão bonita quanto uma cesta cheia de frutas. Cores, formas, texturas, de imediato, é o que vemos. São coisas do primeiro plano. No segundo, estão os cheiros e os sabores que, imaginamos, têm as frutas da nossa fruteira. O mamão, um incerto gosto de menina andando de bicicleta; a manga, um atraso na viagem ao litoral; as maçãs, uma fome descoberta depois da alegria; o abacaxi, algum momento entre o relâmpago e a despedida.
Mas aí já estamos no terceiro plano, na zona onde se mesclam os odores e as emoções. Fazem isso, as frutas. Mesclam mundos intangíveis. Trazem tudo de volta ou nos lançam para um futuro construído de cascas, inquietações, desejos, sumos, recordações, aromas e consistências. Um futuro para a língua trêmula que estala agora de vontade de comê-las.