Lost Memories: um interessante curta francês de 3 minutos
"Lost Memories" é um curta-metragem francês (com legendas em inglês), com 3 minutos de duração, de François Ferracci. Conta a história de um casal em uma Paris do futuro. Este futuro não é muito distante de nós, 2.020, e o curta consegue ser melancólico, romântico e de ficção científica, tudo ao mesmo tempo. O início do curta retrata o casal tirando várias fotos deles mesmos com o celular e postando em diversas redes sociais, compartilhando com todos aquele momento de felicidade e amor em frente à Torre Eiffel. No entanto, logo se percebe que aquela atmosfera de romance é apenas superficial e pública: enquanto o namorado, empolgado, atualiza as fotos na rede, sua namorada demonstra sinais de tristeza e distanciamento.
Assista aqui
http://vimeo.com/49425975
O ápice deste abismo que existe entre os dois é demonstrado quando ela, em contraponto à tecnologia e à modernidade do contexto, tira uma foto dele com uma Polaroid. As fotos dele, por serem virtuais, são imateriais - não podem ser tocadas nem manuseadas, como se não pudessem ser completamente vividas - enquanto a dela é uma foto física, sólida e existente, que está ali assim como aquele momento e aquela memória. Ela entrega, então, a foto a ele e vai embora, deixando em suas mãos um pedaço da história que eles tiveram.
O que eu mais gosto deste vídeo é que ele pode ser dividido em duas camadas: a social, mostrando como o nosso presente possivelmente evoluirá em termos tecnológicos e de comportamento das pessoas, e a individual, representando as consequências deste novo modo de vida que estamos construindo.
Apesar do tom triste e do final melancólico - o namorado olhando a foto da Polaroid, única lembrança que sobreviveu depois de alguma catástrofe qualquer que apagou o banco de dados do mundo todo - vejo uma mensagem poética e linda, através da namorada: sempre haverá alguém que acredita na beleza essencial e pura das coisas e dos momentos. Sempre vai existir uma pessoa que não deixa o romantismo morrer, que não se deixa contaminar pela banalização dos momentos, que não se permite ser massificado e instragamizado. Acho que os sonhadores, estes nunca irão embora: e eles serão sempre revolucionários, e lembrarão ao mundo o que realmente tem valor.
Quando ela vai embora, eu fui junto com ela. Não só para me distanciar dele, como para me afastar de uma sociedade muitas vezes esvaziada e entediante. Espero que ela tenha encontrado doces e reais memórias depois daquela despedida, e que ela tenha muitas Polaroids espalhadas pelo quarto.