Análises de alguns poemas
Essas são as duas primeiras estrofes do poema Mulher ao espelho, de Cecília Meireles. A poetisa é um caso incomum no Modernismo brasileiro: não vociferou contra os expedientes clássicos, mas soube uni-los a temáticas modernas. Acima, percebe-se o uso de índices do Barroco, na aproximação de antíteses. O tom grave perpassa pelo poema na crítica voraz à moda, que tende a uniformizar a aparência das mulheres. Soa como antítese a aproximação de substantivos próprios cuja trajetória os levou a arquétipos de conduta feminina: Maria (santa) e Madalena (devassa), por exemplo.
Virgem de loiros cabelos/
- Belos, -/
Como cadeia de amores,/
Onda vás tão triste agora/
- Hora -/
De tão sinistros horrores?/
/
Sob nuvem lutulenta,/
- Lenta, -/
Se esconde a pálida lua;/
Nas sombras os gênios combatem;/
- Batem -/
Os ventos a rocha nua. /
As estrofes acima pertencem ao poeta romântico brasileiro Fagundes Varela. Eu a trouxe como exemplo de uma espécie de rima pouco comentada chamada de "coroada", produzida por um figura de construção denominada "eco". Vejam a relação que existe entre as palavras: "cabelos", "belos", "agora", "hora", "lutulenta", "lenta"...