A nossa vida ou we were fated to pretend
MGMT, uma banda americana, lançou em um EP, em 2005, a música da qual a frase que intitula este espaço foi tirada. Neste primeiro texto aqui no obvious, não poderia fazer outra coisa além de escrever um pouco sobre o que faz de Time to pretend ser, desde que a conheci, um retrato de como tenho visto que a vida é.
Nascemos em mundo onde não pedimos para nascer. São depositadas muitas expectativas sobre nós, pela nossa mãe, pai, família, pela sociedade em geral. Crescemos achando que o mundo é nosso e, se já não o é, um dia será. Somos donos dele, ele está a nossos pés. Pensamos que somos os melhores, mesmo os que acham que são os piores: é o mundo que não os reconhece como tal. Mas logo nos deparamos com o fato de que fomos postos em um lugar onde até para viver nele precisamos pagar. Passamos o tempo todo correndo atrás da máquina, tentando não decepcionar os outros, pensando que, assim, não decepcionaremos a nós mesmos.
Uma dia, percebemos que estamos fazendo muitas coisas que não são exatamente a que gostaríamos de estar fazendo. Nos resignamos com o fato de que a vida é assim. Nem tudo são flores. Temos que quebrar as pedras que estão no caminho até chegarmos aonde queremos. Almejamos a vida regrada que nossos pais querem para nós e que desejamos aos nossos filhos. Temos o certo e o errado e nenhum desvio entre eles. A vida está no preto e no branco e fingimos nos adequar completamente a eles. Nossos tons de cinza devem ser evitados.
É isso mesmo que desejamos? Arrumar empregos em escritórios e acordar de manhã para nossa jornada de trabalho? Perceber que todas as modelos que desejávamos ficaram velhas e tiveram filhos? Que tivemos relações baseadas em conceito errados e nos divorciamos? Que estamos sozinhos nos afogando no nosso próprio vômito e que esse é o final?
Em uma outra música, The youth, a banda nos sugere que podemos inundar as ruas com amor, ou luz, ou calor, tanto faz. Isso nós esquecemos de fazer. Passamos nosso tempo correndo atrás do sucesso, fingindo que é aquilo que queremos. Sorrindo para nossa mãe, para a sociedade. Sentindo falta do tempo em que achamos que poderíamos conseguir tudo.
Mas nós estávamos no auge das nossas vidas. Era hora de fingir. We were fated to pretend.