SERÁ QUE MORREU MESMO O MENINO DO PIJAMA LISTRADO?
Recentemente assisti ao famigerado "O menino do pijama listrado", filme que trata do problema do holocausto e dos campos de concentração de uma forma lírica, já que a história é narrada sob o ponto de vista de um menino de oito anos. Tanto o filme, quanto livro que o originou já receberam tratamentos e resenhas diversas. Assim sendo, gostaria de propor o debate em outro âmbito.
Se, por um lado, filmes desse gênero suscitam questões fundamentais para reflexão, por outro, podem nos levar à falsa interpretação de que determinadas atrocidades estão circunscritas em situações específicas, guardadas num passado desprovido de significado.
Contudo, nos últimos tempos, os fatos têm nos mostrado que a alteridade não ganhou espaço. Ao contrário: vemos crescer menções a movimentos separatistas; o preconceito está entranhado na sociedade de modo geral; é patente o racismo (não apenas dirigido aos negros, mas aos nordestinos, aos orientais e as minorias em geral); movimentos neonazistas têm ganhado corpo em muitas partes do mundo. Enfim, a xenofobia, em suas várias facetas cruéis, tem mostrado seus dentes, inclusive nos discursos do dia-a-dia, que podem parecer inofensivos a olhos virgens.
Devemos ter em mente ao assistirmos filmes “históricos” que a história pode se repetir. Portanto, é preciso pensar em que medida nós (cidadãos políticos como afirmara Aristóteles) estamos combatendo ou contribuindo para estes absurdos, inclusive nas palavras e ações corriqueiras.