Gravity: Uma Parábola do Renascimento
No filme, os astronautas são obrigados a lutar pela a vida quando um acidente os deixam fora dos radares da NASA, vagando às cegas no insólito espaço sideral em órbita do planeta Terra. Desde o filme Filhos da Esperança, que eu considero uma obra-prima, Alfonso Cuáron vem aprefeiçoando a técnica de plano seguência, técnica onde uma cena inteira é filmada sem cortes e em Gravidade quase todo o filme é feito se utilizando deste tipo de artifício cinematográfico, que em mãos levianas se transformam em algo esquizofrênico e difícil de se assistir e compreender.
Os efeitos em CGI foram muito bem usados e a imensidão do espaço está muito bem contextualizada na fotografia vislumbrante deste filme que nos imerge em sua grande vastidão e na claustrofobia dos cubículos dos veículos e estações espaciais com seu fabuloso 3d, e na intensa e ensurdecedora trilha sonora que por incrível que pareça é focada no silencio aterrador, nos fazendo compreender a anologia à fecundação e existencia, transformando estes espaços em um útero onde a personagem principal cresce, muda sua forma e se diferencia a cada nova adversidade, tendo sempre ao longe o planeta Terra confortando e nutrindo seu espírito e esperando ansiosamente que ela se salve deste desastre e que cumpra seu papel de sobrevivente, completando o ciclo e vivenciando no seio materno da mãe Terra o derradeiro renascimento.
A personagem principal vivida por Sandra Bullock está imersa numa depressão que teve origem devido a morte de sua filha, em uma atuação maquinal ela caracteriza de forma melancólica sua atual situação psicológica tendo em mente o complexo trabalho, durante o filme vemos a tristeza desoladora da personagem enquanto ela reluta em salvar a própria vida em meio às catastróficas adversidades, apenas seu instinto de sobrevivência e o otimista personagem vivido por George Clooney é o que a move.
O filme evolui de forma divergente através das experiências de sobrevida vividas pela a protagonista, que no decorrer da obra vai passando por transformações intimistas enquanto enfrenta adversidades sobrehumanas e quase sobrenaturais.
O que nos leva a mergulhar numa depressão ainda é algo idiopático ou sem explicação, por mais que saibamos os motivos que nos leva a esta condição nunca saberemos o porque que auto negligenciamos nossa própria natureza e sanidade por algo que nos causa extrema tristeza, de onde vem este descontrole e como fazemos para estabelecer novamente nosso centro emocional e reconstruir nossa zona de conforto, tudo isto é uma sórdida montanha russa e se quisermos sair desta condição devemos estar dispostos a enfrentá-la, nascendo novamente para uma nova vida, mais experientes espiritualmente e emocionalmente e sábios de coração e alma.