Bashô e os haicais - pequenas doses de emoção
Bashô nasceu Matsuo Kinsaku por volta de 1644 na província de Iga e faleceu em Osaka em 1694. Foi o poeta mais famoso do período Edo no Japão.
Haicai é uma forma de poesia de origem japonesa e Bashô é reconhecido como um mestre da sucinta e clara forma haicai de escrever poesia.
Nos círculos da moda literária de Nihonbashi a poesia de Bashō foi rapidamente reconhecida por seu estilo simples e natural. Em 1674 ele foi introduzido no círculo íntimo da profissão haikai, recebendo ensinamentos secretos de Kitamura Kigin.
No inverno de 1680, tomou a surpreendente decisão de mudar-se para o outro lado do rio até Fukagawa, longe dos olhos do público e para uma vida mais reclusa. Seus discípulos construíram uma cabana rústica para ele e plantaram uma bananeira (bashō?) no quintal, dando a Bashō um novo haigō e sua primeira casa permanente.
Apesar de seu sucesso, Bashō cresceu insatisfeito e solitário. Começou a praticar meditação zen, mas não parece ter acalmado sua mente. No inverno de 1682 sua cabana incendiou-se e pouco depois, no início de 1683, sua mãe morreu. Em seguida, ele viajou para Yamura para ficar com um amigo. No inverno de 1683 seus discípulos lhe deram uma segunda cabana em Edo, mas seu temperamento não melhorou. Em 1684 seu discípulo Takarai Kikaku publicou uma compilação dele e de outros poetas. Mais tarde naquele ano, deixou Edo para a primeira de quatro grandes peregrinações. Não se sabe se Bashô se tornou um monge ou não, mas no final de sua vida tornou-se um poeta andarilho. É dessa época (1685) seu haikai mais célebre, "No antigo lago", e também o seu livro mais famoso, "Sendas de Oku".
Em sua última viagem, Bashō adoece em Osaka, antes de chegar ao local destinado, (Kiushu), e morre no dia 28 de novembro de 1694. Seu último haikai fala de sua jornada poética:
"Doente em viagem
sonho em secos campos
Ir-me enveredar"
Um velho lago parado... cerrado... calado...
de águas turvas e tranquilas,
realizava, no deslumbramento da noite clara,
seu sonho antigo de ser espelho...
Seu fundo lodoso e sombrio
refletia, cheio de orgulho,
um cortejo relumbrante de estrelas,
quando um sapo, asqueroso e profano,
saltou sobre ele,
arrancando de suas águas
um arrepio de pavor
e um gemido estrangulador de agonia...
Primavera:
Neblina matinal sobre
Uma montanha sem nome
Acorda acorda
Serás a minha companheira
borboleta que dormes
Chuva de flores de ameixoeira
Um corvo procura em vão
o seu ninho
Calo-se o sino
O que chega a mim agora é o eco
das flores
Vem cá passarinho
E vamos brincar nós dois
Que não temos ninho.
De que árvore florida
chega? Não sei.
Mas é seu perfume...
Admirável aquele
Cuja vida é um contínuo
relâmpago
Notas: Bashō - árvore semelhante à bananeira, foi registrado com o nome de Kinkasu. Foi daí que o poeta adotou o seu "haigo" (pseudônimo poético). “Sendas de Oku” - Publicado em 1702, o livro baseia-se em uma viagem realizada por Bashō durante a primavera e o outono de 1689, de Edo à região de Oku. A viagem durou 156 dias, percorridos a pé. Fonte: http://www.sumauma.net/haikumasters/basho/basho-bio.html