Meteora - um filme que poderia ser um poema
Meteora é o segundo filme do diretor Spiros Stathoulopoulos que nasceu na Grécia e mudou-se ainda muito jovem para a Colômbia. Spiros conduz o filme com um olhar sensível e poético, e é preciso um olhar sem pressa para captar as sutilezas dos personagens e das imagens.
O filme conta a história de um monge grego Theodoros (Theo Alexander), e Urania (Tamila Koulieva-Karantinaki), uma freira russa. Interessante notar o título e o nome da personagem, que não devem ter sido escolhidos por acaso. Meteora remete à meteoro ou estrela cadente, um fenômeno luminoso que atravessa a atmosfera. A palavra "meteoro" vem do grego metéōros "elevado; alto (no céu)". É também a cidade dos monastérios da igreja Ortodoxa na Grécia. Os dois vivem em monastérios ortodoxos que se elevam acima de duas montanhas de arenito. Já Urania feminino de Urano, nome do planeta do sistema solar, mas dado em homenagem ao Deus grego do céu. Há poucos diálogos, o filme é envolvido pelo silêncio intercalado pelo som do canto bizantino e do chamado para as orações dos monges.
Apesar do abismo entre Theodoros e Urania, que as montanhas bem simbolizam, surge uma amizade e um afeto que vai se transformando pouco a pouco em uma forte atração. É possível perceber em toda aquela bela paisagem os sentimentos contidos, aquilo que não pode ser dito, sequer pensado. Meteora é assim também uma metáfora sobre a liberdade. O diretor ao utilizar em certas passagens o recurso da animação, confere uma dimensão humana aos santos da arte bizantina, ao retratá-los como os dois personagens divididos entre a devoção espiritual e o desejo humano, ou entre o céu e a terra.