Quando Tony Curtis Beijou Hitler na Boca
O que você faz se é um dos homens mais bonitos do mundo, está no auge dos vinte anos e acaba de ser contratado por um estúdio para se tornar estrela de cinema? Infelizmente, não sei responder – mas Bernard Schwartz estava lá e pode contar para a gente.
Em primeiro lugar, ele troca de nome.
Passa a assinar como Tony Curtis.
Imediatamente depois, começa a namorar a moça mais bonita do planeta – e que até hoje é sinônimo de sex appeal: Uma ruiva chamada Norma Jeane Mortenson.
Norma trocou a cor do cabelo para loiro platinado e o nome para Marilyn Monroe.
O caso não foi adiante: ambos tinham pressa em construir suas carreiras e um romance naquele momento era um obstáculo para o estrelado que eles desejavam.
Esta – e outras histórias - estão nas memórias de Curtis, 'American Prince'. Ele conta como se tornou amigo de astros difíceis e poderosos – O mercurial Frank Sinatra e o agressivo e sempre inseguro Jerry Lewis (que, do nada, virava para ele e dizia “Você pensa que vai ser uma estrela? Nunca. Ninguém será maior que eu nesta cidade”).
O romance com Marilyn seria brevemente retomado quando ele gravava seu melhor filme, Some Like It Hot – considerado a melhor comédia já filmada.
Marilyn estava enlouquecendo todos os envolvidos na produção – quando ela não atrasava simplesmente desaparecia do set, levando o diretor Billy Wilder a uma crise nervosa que o deixou à beira de uma internação.
Para Curtis e seu companheiro de cena, Jack Lemmon, também não era exatamente uma festa aguardar – vestidos de mulher e usando saltos altos – pela incerta presença da atriz.
Mas para Curtis houve uma recompensa. Marilyn sabia que a atração entre ambos nunca tinha desaparecido – e usava isso para brincar com o ator. Sua famosa cena no iate – na qual ele, ironicamente, tenta explicar para a personagem de Marilyn que é impotente – foi gravada com o desconforto de uma pulsante e indisfarçável ereção provocada pelas brincadeirinhas dela.
Mais tarde, perguntado como era beijar Marilyn, Curtis fez uma piada que o incomodou até seus últimos dias: disse que era como beijar Hitler na boca. Era uma brincadeira, dada a obviedade da resposta, mas com o inferno em que Marilyn transformou o set, a frase acabou sendo levada ao pé da letra até que Curtis esclareceu tudo em seu livro (incluindo a inconfidência do namoro e das brincadeiras em cena). Curtis nunca foi um ator de primeira grandeza – ele mesmo confessa ter vivido à sombra dos gigantes que se tornaram seus amigos – Marlon Brando e James Dean. Mas seu livro – como a maior parte de seus filmes – tem uma graça de quem viveu como um legítimo príncipe americano.