Medicina VS Física - Amálgama histórico
Na idade média os Médicos eram chamados de físicos visto que esse tipo de “filosofia” natural era principalmente
jônica.
Hipócrates e seus seguidores eram da
ilha de Cós, de população e
língua dóricas. É sintomático que tenham escrito todo o
Corpus Hippocraticum em jônico – era como se fosse o inglês científico de hoje. A incorporação do pensamento ‘físico’ dos jônicos fez com que a medicina se tornasse uma arte (tekné) consciente e metódica. Não é exagero dizer que o médico era o protótipo de um saber com fins éticos de caráter prático, sem o qual a ciência ética de
Sócrates seria inconcebível nos diálogos de
Platão. As palavras vêm do latim, physica, que por sua vez veio do grego physiké que quer dizer “ciência da natureza”. Isso porque a palavra grega physis (φυσις), que representa um conceito bem difícil de explicar, é simples e cruamente traduzida como ‘natureza’. Segundo
Werner Jaeger (Paidéia – página 198) o conceito de physis foi o ponto de partida de pensadores naturalistas do século VI dando origem a um movimento espiritual e a uma forma de especulação.
Eu sou o Físico da era Medieval
O termo físico - como foram chamados os médicos, durante muitos anos - pode ser recuperado da Antiguidade grega, pois a techne do médico era dirigida à physis tou anthropous (a natureza do homem), a qual era intimamente articulada à physis tou pantos (a natureza de todas as coisas). Por isso, no célebre tratado Dos Ventos, das Águas e dos Lugares, Hipócrates recomenda tacitamente que, para uma boa prática da medicina, é necessário conhecer aspectos da natureza (clima, regime das chuvas...). Essa ideia é absolutamente atual, especialmente se reconhecermos a importância das doenças emergentes (Ebola, Chikungunya)... Por isso, em um certo sentido, os médicos foram, são e serão, 'físicos'... Ao menos esse é o espírito (da medicina, plenamente expresso no livro de Noah Gordon)..
Eu sou o Médico da era moderna