A era da beleza
Os anos 20 e 30 foram tanto no Brasil quanto no mundo a era do cinema, se tornando um dos meios de comunicação responsáveis por criar e modificar os comportamentos da sociedade. Desde a primeira guerra, a indústria cinematográfica européia perdeu força, dando lugar para os Estados Unidos com seus filmes Hollywoodianos assépticos, dominar de vez o mercado mundial.
Devido a essa estética limpa, onde as atrizes e os ambientes eram do mais puro luxo e beleza, a sociedade brasileira iniciou um processo de transformação. As mulheres naquela época queriam ser ao mesmo tempo Greta Garbo, Gloria Swanson e Mary Pickford. Consequentemente mudando o conceito de beleza existente até aquela época, o que estava na tela era o único tipo de beleza aceitável socialmente.
As salas de cinema traziam forma modernista, com elementos do art deco impunham luxo, ir ao menos uma vez na semana ao cinema com a melhor roupa era regra para o reconhecimento social. Ninguém resistia a sedução do cinema, nem ao menos os intelectuais da época, como expressa Carlos Drummond de Andrade em seu poema 'Os 27 filmes de Greta Garbo':
''Agora estou sozinho com a memória de que um dia, não importa em sonho, imaginei, maquinei, vesti, amei Greta Garbo. E esse dia durou 15 anos. E nada se passou além do sonho diante do qual, em torno ao qual, silencioso, fatalizado, fui apenas voyeur.''
Graças ao cinema hollywoodiano, surgiram no Brasil os primeiros concursos de beleza, revistas sobre a vida das estrelas e claro, as primeiras publicidades com atrizes. As pessoas podiam se sentir importantes usando as mesmas roupas das atrizes, decorando seus lares com os mesmos móveis dos filmes ou até mesmo usando de hábitos clichês do cinema, como acender o cigarro em uma só sacada. O país se torna então, a sociedade que não permite nada além de luxo e beleza.