Porque a profusão de mundo se organiza no curso do discurso.
Teofilo Tostes Daniel
Foi assim: até os dez anos de idade, aprendeu o mundo de ouvido. Então dois pedaços de vidro inseriram em seus olhos o conceito de nitidez. Encantou-se com a forma das coisas e das letras. Divide a cama e a biblioteca com sua amada Fabi. E ensaia constantemente seu concerto com as palavras.
Na iminência do lançamento de meu primeiro livro de contos, falo um pouco do meu processo de escrita e olho para as centelhas que me incendiaram a escrevê-lo.
Em tempos de ouvidos moucos, talvez a música exista para nos ensinar a dialogar. Mas não temos muito tempo. Em nosso mundo agitado, as notas mais longas são semibreves. É nesse efêmero que soamos.
Quem se comporta de uma forma esperada ou tem sua identidade tida como natural não é questionado sobre quando se percebeu ou se tornou aquilo que é. "Viagem Solitária" é o relato autobiográfico de alguém que é constantemente demandado a responder a isso.
Há experiências avassaladoras, que nos fazem questionar sobre a nossa atenção aos detalhes do mundo. Que trazem um inominado sentimento de celebração e gratidão à vida. Assistir ao filme "Vermelho como o céu" é uma delas.