# Zeca Afonso e algumas canções com África dentro- II parte

Zeca cantou "os acordes da terra" tanto portuguesa, como africana.
Foi o caso de "Avenida de Angola" (in Traz outro amigo também). Neste caso foi o "sol que fez a cura"...
Pede "contas ao mundo": "Dum botão de branco punho Dum braço de fora preto Vou pedir contas ao mundo Além naquele coreto Vou pedir contas ao mundo Além naquele coreto (...)"
A cantora Cristina Branco apresentou recentemente uma versão jazzy desta música.
Em "Ailé, Ailé" ( lado B do single "o que faz falta" (1974)in Coro dos Tribunais ) sentimo-nos debaixo do embondeiro que nos acolhe como pai da terra.
Em "Carta a Miguel Djéje" (in Traz outro amigo também) Zeca canta a Miguel sobre o qual não se sabe o paradeiro em todo o Xipamanine, bairro de Maputo , Moçambique, para que este cante também. Quando Miguel Djéje cantava todos dançavam e havia marimba ( instrumento de percussão, um idiofone,de origem africana e que existe há centenas de anos.).
Em "Um homem novo veio da mata" (in Enquanto há força ) canta sobre um homem novo que veio da mata mas que não é soldado mas do MPLA. "4 de Fevereiro de 1961/Angola existe/ povo existe e é só um", numa clara referência ao início da guerra colonial. Um hino ao MPLA com o mote "Colonialismo não passará" e apelando a que África se levante.
Em 1975 escreve "Lá no Xepangara" ( in Coro dos Tribunais)sobre o percurso de um menino em Moçambique; "Lá no Xepangara Vai nascer menino Dentro da palhota(...)".
Zeca Afonso deixou-nos muito cedo, cedo demais, em 1987. Muitos músicos lhe têm prestado homenagem ao longo dos anos. Deixo aqui a versão da música que "dentro de ti , ó cidade" nos mostra todos os dias, para que não esqueçamos que " o povo é quem mais ordena" na terra da fraternidade, cantada por Amália: "Grândola, vila Morena".
E "Do ramo mais fino do silêncio Soou o rouxinol num canto dorido De seda e ondas, que soltava em cada nota Um fio delicado de fumo como fogo-fátuo (...) (Janita Salomé)
Como um amigo que nunca nos deixará, pois a sua marca foi tão profunda, pensemos que " à sombra de uma azinheira" vive Zeca em nós, no legado musical que nos deixou e que devemos compartilhar com as gerações vindouras.