Do conflito entre o eu e o outro
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Calados em um grito abafado, em meio a olhares de piedade daqueles que se sentem dignos de tecer julgamentos sobre o modo como conduzimos nossas vidas. Talvez o aspecto mais complicado de nossas dores seja não propriamente o que as originou, e sim o meio social que nos envolve e nos impulsiona a adotar determinados sentimentos e atitudes como coerentes à situação em que nos encontramos.
Ouso afirmar que uma das nossas maiores mazelas e intempéries é justamente o outro. O outro que tenta nos ajudar, mas ao fazer isso, nos julga. E é exatamente esse julgar que, muitas vezes, faz com que transborde uma dor que, afinal, nem era tão potente, mas que o externar levou-nos a uma crise interna provocada por um inconsciente pressionado a se culpar de acordo com os pensamentos alheios.
Não que os outros sejam os únicos culpados de nossas infelicidades e martírios. Sabemos, como seres “racionais” que somos, que muitas vezes provocamos situações que nos levam ao desconforto da dor.
Porém, é comum tecermos crises de consciência pautadas no que os outros pensariam a nosso respeito; ou como nos enxergariam após terem ciência de uma atitude que, para nós, nem era tão grave, mas que, uma vez publicitada, poderia render desconfortos e repreensão.
Mas será que realmente é viável seguirmos nossas vidas baseados nas expectativas do outro ou com medo do modo como nos julgariam?
Basta-nos questionar o que realmente queremos e o quanto as expectativas alheias nos impactam. Saberemos lidar com os olhares de repúdio dos demais e ainda assim mantermo-nos fiéis às nossas vontades? Ou sucumbiremos ao consenso do certo e socialmente aceitável, mas abrindo mão dos nossos mais profundos anseios?
Cabe a cada um analisar o que é mais importante para si. A análise deve ser bastante cuidadosa e vai do ser taxado de “louco” em uma sociedade de indivíduos normais e iguais; ou ser “normal” e igual em uma sociedade com alguns loucos que teimam em manterem-se fiéis a si mesmos.