Os discípulos de James Mollison
James Mollison é um fotografo Inglês, autor da série “Where Children Sleep – Onde as Crianças Dormem”. Um conjunto de fotografias onde são retratados os espaços privados de crianças pelo mundo fora, de África à Asia. Na sua série “ The Disciples - Os Discípulos”, é-nos oferecida uma visão das diferentes subculturas musicais, e do conceito de tribos modernas. Mollison nasceu no Quénia em 1973, mas viveu e cresceu na Inglaterra. Estudou arte e design no Brookes de Oxford, e mais tarde de cinema e fotografia na Newport School of Art and Design. Mudou-se para a Itália, onde ainda reside em Veneza, para trabalhar no laboratório criativo da Benetton, a Fabrica.
Ao longo de três anos fotografou fãs em vários concertos. A ideia da tribo moderna e urbana sempre fascinou Mollison. Os concertos tornaram-se eventos para as pessoas se reunirem com as suas " outras famílias".
O encontro de pessoas que não se conhecem e têm trabalhos distintos, mas têm algo em comum, a música, e não só! Para alguns era uma forma de reviver a sua juventude, noutros casos consistia apenas em tentar fazer parte de algo, que por vezes, já tinha acontecido antes de eles terem nascido. Mas a maioria sentia apenas a necessidade de poder estar entre pares, e claro a música também é importante.
Ao explorar a ideia de tribo moderna, é curioso perceber que muitos dos que iam assistir os concertos, tinham tendência para se vestir ou parecer com seus ídolos da música. Em alguns estilos musicais essa associação da imagem à música é mais simples, no caso de bandas como Kiss ou Marilyn Manson.
A imagética é tão ou mais importante que a própria música. Curioso é perceber que em bandas como Spice Girls ou Rod Stuart, temos entre os fãs sósias quase perfeitos. No caso de Rod não falta sequer o cabelo louro oxigenado. Muitos fãs acabam apenas por se “caricaturar” para ir ao concerto, levando algo que seja identificado com a banda, Uma pele tigresa é facilmente identificado com Mel B. a "Scary Spice" da Spice Girls.
Resta saber se esta situação era feita de uma forma consciente, ou simplesmente era todo um ritual de preparação para assistir o concerto, do género “Em Roma sê romano!” Esta junção de fãs com características semelhantes, como as roupas ou o cabelo, traduziu-se na série os Discípulos, que é mais do que uma série de fotos de grupo, apresenta-nos um excelente aglomerado de imagens das variadas subculturas musicais.
É claro que a escolha de cada um dos fãs, não é feita de uma forma totalmente aleatória ou desinteressada. Todos os fotografados encaixam na perfeição dentro de um estereótipo do tipo de fãs de determinada banda, mas no fundo é isso mesmo que se pretende retratar. Nem toda a gente que assiste a um concerto de Marilyn Manson está vestida de preto, ou com acessórios de cabedal (embora uma grande percentagem esteja).
Fica no ar a dúvida…será que se pretende retratar estas tribos, ou de certa forma criá-las e estereotipá-las? Fascinante mas também assustadora, esta ideia de cultura popular. Principalmente para quem circula por vários meios musicais, não se enquadrando dentro de apenas um tipo musical especifico (gótico, metaleiro, punk etc).
Será também fascinante analisar a forma como as pessoas pretendem imitar os seus ídolos, e como usam-nos para formar a sua própria identidade.
Esta série além de ter estado exposta em várias galerias e museus, existe também como um livro de 128 páginas. Veja mais do artista no seu Website.