Time: enchendo sua virada do ano de melancolia desde 1973
O tique-taque do relógio ganha atenção total na virada do ano. É o momento em que as pessoas – depois de vivenciar uma pseudo-preocupação com o próximo devido ao espírito natalino – voltam suas atenções ao próprio umbigo novamente. É o momento de promessas, projetos e transformações.
Todos têm à sua frente um ano inteiro pela frente, repleto de oportunidades. Ao mesmo tempo, passaram-se mais 365 dias, e para a maioria das pessoas nem tudo que estava previsto foi concretizado.
A efemeridade do tempo está sujeita à interpretação, mas o Pink Floyd preferiu enxergar esse copo como meio vazio. Lançada em 1973, na obra-prima Dark Side of the Moon, a canção Time tem uma das letras mais existencialista da banda inglesa. Os versos lembram aquilo que tentamos esquecer todos os dias: o tempo está passando, e depressa.
Em um dos trechos, a banda parece atingir um sentimento experimentado por praticamente toda a humanidade, ao escrever que em um dia se é jovem, com tempo para matar, e então se percebe que dez anos se passaram.
Embora tempo seja um conceito relativo, é perceptível que cada ano parece mais rápido. Isso porque as pessoas estão mais sobrecarregadas a cada dia, mergulhadas em trabalhos e tarefas que não permitem buscar aquilo que um dia já viram como prioridades.
E essa sensação também é perfeitamente descrita em Time, quando é dito que as pessoas parecem não conseguir tempo e que seus planos nunca deixam de ser apenas páginas rabiscadas.
O que mais assusta em Time é que cada verso funciona perfeitamente para muitas e muitas almas. Quem não conhece a canção, ao se deparar com a letra pela primeira vez pensa “uau, parece até que eles estão falando sobre mim”. E de certa forma estão, porque o tempo é um problema universal. E tudo que posso desejar para 2015, é que a falta dele não impeça tantos planos de se realizarem.